A Companhia Paranaense de Energia (Copel) vive o melhor dos mundos. Possui um mercado cativo representado por 99,5% de residências e empresas em um Estado que responde por quase 6% do Produto Interno Bruto (PIB) do País. Sem dúvida, um cenário dos sonhos para corporações de quaisquer segmentos. Contudo, ao se limitar às fronteiras do Paraná, a Copel corria o risco de ver reduzir sua importância relativa no setor. Pior. Com os competidores adicionando cada vez mais megawatts aos seu portfólio, seria uma questão de tempo para que eles avançassem sobre seus domínios. Em vez de continuar deitada em “berço esplêndido” a direção da Copel decidiu agir. 

 

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Ideias Iluminadas: com R$ 1,45 bilhão em caixa, o presidente Ravedutti

quer construir usinas de energia em vários pontos do País

 

E sua estratégia tem como foco construir ou comprar usinas de energia de norte a sul do País. Para isso, dispõe de R$ 1,47 bilhão para investir neste ano. Outros R$ 800 milhões serão direcionados exclusivamente para projetos eólicos. “Queremos crescer em bases sólidas e com uma matriz cada vez mais sustentável”, diz à DINHEIRO Ronald Ravedutti, presidente da Copel. 

 

O plano desenhado pela equipe comandada pelo executivo está dividido em três pilares: ampliação da capacidade de geração e distribuição de energia, aposta em banda larga a preços acessíveis, usando a rede atual, e até a criação de eletropostos para abastecimento de veículos.

 

Alguns passos já foram dados nessa direção. A vitória em leilões de energia no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) garantiu à Copel o comando da construção de três empreendimentos: a hidrelétrica de Colíder, em Mato Grosso, uma linha de transmissão de 356 quilômetros entre as cidades paulistas de Araraquara e Taubaté e uma subestação em Cerquilho (SP). 

 

“São contratos com potencial de gerar receita de R$ 5,5 bilhões em valores de hoje”, explica Ravedutti. Para ingressar em energia eólica, a concessionária pretende fazer parcerias com operadores do setor. “Trata-se de movimento positivo. 

 

 

Em um mercado em franco processo de consolidação, quem não crescer corre o risco de morrer”, destaca Filipe Acioli, analista da área de energia da corretora Ágora Invest. Crescer, no entanto, embute riscos. O principal deles é o impacto sobre as finanças. 

 

Apesar do baixo nível de endividamento, de R$ 1,5 bilhão para um patrimônio líquido de  R$ 9,2 bilhões, a Copel possui desvantagens em relação às rivais. Seu estatuto obriga que ela seja majoritária em todos os negócios. E isso limita seu raio de ação. 

 

Para resolver a questão, o governo do Paraná pretende flexibilizar essa regra, a exemplo do que foi feito em Minas Gerais com a Cemig.  “A participação em mais consórcios reduziria a exposição financeira e a ingerência política sobre a Copel”, opina Acioli. 

 

Isso não significa, no entanto, que a direção da Copel vá deixar os conterrâneos na mão. Por meio da Copel Telecomunicações, Ravedutti quer ampliar também os ganhos com a estrutura atual no Paraná.  E isso será feito com a extensão do serviço de banda larga popular, ao custo de R$ 15, pela rede de fibra óptica, além da adoção da tecnologia Power Line Comunications. Essa última permite enviar o sinal de internet pela fiação elétrica. 

 

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Para se conectar, bastará ligar o aparelho na tomada. Os veículos elétricos também estão no radar do executivo. Para ajudar a popularizar essa tecnologia, a Copel vai instalar eletropostos em Curitiba e outros seis municípios. 

 

Além disso, a concessionária está acertando a importação de veículos que serão usados para teste-drive. “Não vamos perder mercado em nenhum nicho ligado ao setor elétrico”, define Revedutti.