Formada em odontologia, a paulistana Cristiana Arcangeli é um caso raro de empreendedora em série. Pioneira da indústria de beleza e saúde no Brasil, ela está, aos 50 anos de idade, na sua terceira empresa do ramo, a Beauty’in. Mas Cristiana também é uma vendedora crônica. E não só porque consegue transformar em milhões de reais os seus cosméticos e alimentos, ou até a junção dos dois: os “aliméticos” – uma nova categoria, batizada por sua empresa, de balas e águas com sabor –, que incluem ingredientes com funções de estética. Depois de vender a Phytoervas, sua primeira empresa, em 1998, e a Éh Cosméticos, dez anos depois, Cristiana fechou agora o seu terceiro negócio. No sábado 13, a Brazil Pharma, holding no setor de farmácias do BTG Pactual, comprou 40% das ações da Beauty’in. 

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Cristiana Arcangeli: ”Só não queria ter de começar tudo de novo, mais uma vez”.

 

O negócio deve ficar em torno de R$ 40 milhões. “Meus amigos brincaram que sou uma assassina serial, mas, na verdade, sou uma criadora de empresas”, afirma Cristiana. As vendas acabaram sendo uma consequência mais que um desejo. Cristiana se considera muito apegada a suas empresas e uma vendedora por obrigação. “Sofro no começo para fazer o negócio decolar”, diz. “Depois, quando fica mais fácil, aparecem os compradores.” Foram seis meses de conversas, iniciadas quando ela procurou o BTG, para conseguir financiamento a seus planos de desenvolvimento dos produtos da Beauty’in. Os sócios do banco Carlos Fonseca e André Sá, responsável pela Brazil Pharma, perceberam a oportunidade, e as conversas mudaram de rumo. 

 

Pelo menos desta vez, Cristiana vai continuar no comando. Desde o começo da negociação da Beauty’in, ela fez questão de não entregar o controle acionário. Pelo contrato, a Brazil Pharma pagará R$ 30,7 milhões pelos 40% de participação, e cederá cerca de R$ 2 milhões em marcas que as suas redes de farmácia detêm para a Beauty’ in. A empresária ainda deve criar novos produtos de marca própria para as farmácias, além de outras categorias de “aliméticos” para a Beauty’in. Se as metas de rentabilidade para 2014 forem alcançadas, Cristiana receberá mais R$ 7 milhões, e poderá ganhar de volta até 10% de participação na Beauty’in. Caso contrário, o BTG leva esses 10% e chega a 50% do controle. De qualquer forma, a empresária manterá pelo menos metade das ações. “Só não queria ter de começar tudo de novo, mais uma vez”, diz Cristiana.

 

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