No auge da crise econômica causada pela quebra do banco americano Lehman Brothers, em 2008, o megainvestidor Warren Buffett recorreu a uma imagem curiosa para se referir àqueles que assumiram muitos riscos e estavam à beira do abismo. “Só quando a maré baixa, você descobre quem nadava pelado”, disse o chamado Oráculo de Omaha. O setor de papel e celulose não viveu, propriamente, uma crise no ano passado, mas pode-se dizer que a maré não foi das melhores. No segmento de papel ondulado, utilizado sobretudo para produzir caixas e embalagens, as vendas cresceram 2,79%. As empresas que atuam no setor passaram praticamente metade de 2012 pressionadas pelo câmbio desfavorável. 

 

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Com o dólar barato, as importações de bens de consumo duráveis, como eletrodomésticos, cresceram. Como isso afeta quem fabrica papelão? São dois motivos. O primeiro é que a indústria de transformação, da qual esse setor é muito dependente, encolheu 0,8% no ano passado. O segundo motivo é que produtos importados já vêm embalados do Exterior e, portanto, dispensam a necessidade de caixas locais. Esse cenário desfavorável afetou até gigantes do setor. A Klabin, por exemplo, viu suas vendas físicas recuarem 1%. Se a situação foi difícil para as grandes companhias, era de esperar que as demais estivessem apenas tentando sobreviver. 

 

Mas esse não foi o caso da Fernandez Indústria de Papel, a vencedora do ranking setorial de AS MELHORES DO MIDDLE MARKET. A receita líquida da companhia foi de R$ 182,4 milhões, uma alta de 23%, quase dez vezes mais o que o setor cresceu. Seria possível supor que, para avançar, a empresa teria aberto mão da rentabilidade, mas não foi o que aconteceu. O lucro líquido, de R$ 11,3 milhões, foi 19% maior. A geração de caixa, medida pelo ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação), cresceu 28%, para R$ 20,2 milhões. Sediada na cidade paulista de Amparo, a Fernandez é a décima companhia no ranking do setor de papel ondulado, segundo um estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com base em 2011. 

 

Nele, a Fernandez aparece com capacidade instalada de 110 mil toneladas anuais. Sua linha de produtos abrange papel em bobina, chapas e caixa de papelão ondulado. Apesar dos bons resultados do ano passado, a empresa não deve ter descanso. Isso porque o mercado segue desafiador. A Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO) prevê que o setor cresça entre 2,5% e 3% neste ano. Se o resultado ficar no piso da projeção, o mercado terá crescido menos que em 2012. Somente quando este ano passar é que se saberá quais empresas foram pegas desprevenidas por mais um ano de maré baixa e se a Fernandez continua embalada no sucesso.

 

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