A DINHEIRO, em reportagem de capa de outubro de 2013, classificou o executivo moçambicano Zeinal Bava, 49 anos, de “o dono da empresa sem dono”. Afinal, Bava havia sido o articulador da fusão da Oi com a Portugal Telecom, operação que criaria uma supertele de capital pulverizado com forte presença nos mercados de língua portuguesa. Profissional com largo trânsito no mercado financeiro internacional, ele também foi fundamental para uma megacaptação de R$ 13,96 bilhões, em maio deste ano, emprestando sua credibilidade à operação. Era, segundo muitos analistas, o nome talhado para tirar a Oi de sua combalida situação financeira, uma complexa equação que envolvia investimento em queda e dívidas em alta.

Mas Bava não resistiu ao estrepitoso escândalo protagonizado pelo grupo Espírito Santo, que não conseguiu honrar um papagaio de € 897 milhões, tomado emprestado da Portugal Telecom. A notícia pegou de surpresa os sócios brasileiros da Oi, como a AG Telecom, da Andrade Gutierrez, e a La Fonte, da família Jereissati, e quase detonou o plano de fusão. Blindado em um primeiro momento, Bava renunciou à presidência da Oi na terça-feira 7, ficando apenas 16 meses no cargo. “Ele saiu porque os acionistas pararam de fingir que acreditavam que ele não era parte do grupo Espírito Santo”, afirmou Carlos Jereissati, dono da La Fonte, segundo o jornal O Estado de S. Paulo.

No lugar de Bava, assumiu interinamente o diretor-financeiro e de relações com os investidores, Bayard Gontijo. Sua queda joga mais dúvidas sobre o futuro da Oi, que conta com uma dívida de R$ 46,2 bilhões e ficou de fora do leilão do 4G, na faixa de frequência de 700 MHz, no fim de setembro. Para aliviar seu endividamento, a companhia cogita desfazer-se de ativos. Até as operações da Portugal Telecom podem ser colocadas à venda, em um negócio que poderia variar entre € 6,5 bilhões e € 7,8 bilhões. Assim, a aventura da Portugal Telecom no Brasil pode terminar de forma triste, como um fado.