É impossível não se impressionar com a silhueta de edifícios da orla de Balneário Camboriú, tradicional reduto turístico do litoral Norte de Santa Catarina. Prédios de alto padrão, que chegam a 46 andares, dominam boa parte da extensão da faixa litorânea da cidade, que é o segundo menor município do Estado em área total, com apenas 46 quilômetros quadrados. A população, de cerca de 150 mil habitantes, chega a aumentar para mais de 1 milhão de visitantes durante o verão. À primeira vista, a crise que atinge o setor imobiliário em todo o País, está demorando para chegar à cidade, especialmente no segmento de luxo.

“Crise? Vamos crescer 15% em faturamento e temos oito prédios sendo construídos”, afirma Tatiana Rosa Cequinel, presidente da Embraed, a maior incorporadora da região. O otimismo da Embraed, que faturou R$ 270 milhões, no ano passado, evidencia o atual momento favorável do mercado imobiliário local. Pelos cálculos do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Balneário Camboriú (Sinduscon-BC), as vendas de imóveis estão neste ano 30% maiores neste ano, em relação a 2014. “Temos 70 prédios em construção atualmente, mas esse número aumentará para 100 em 2016”, afirma Carlos Metzner Silva, presidente do Sinduscon-BC. “Cremos que essa forte demanda se manterá por mais duas décadas.”

Alguns fatores explicam estes números. O município possui a quarta melhor taxa de IDH do Brasil. Além disso, cerca de 77% dos empreendimentos são voltados para os segmentos de luxo ou super luxo, atraídos pelas marinas lotadas de iates e lanchas. O jogador de futebol Neymar, por exemplo, possui dois imóveis na região. Para completar, o dólar alto aquece ainda mais o interesse dos investidores na cidade, uma alternativa à febre dos investimentos brasileiros na Flórida, nos últimos anos. “Nosso maior concorrente é Miami”, afirma Marcos Silva, diretor financeiro da Embraed. “Com o dólar a R$ 4 as pessoas estão buscando oportunidades por aqui.”

Para atrair os endinheirados, a Embraed, fundada em Balneário Camboriú em 1984, época em que o pai de Tatiana, Rogério Rosa, optou por construir edifícios de luxo em um município emancipado há apenas 20 anos antes, decidiu apostar na exclusividade. Cada prédio tem um estilo diferente do outro. O Villa Serena, por exemplo, tem características do período neoclássico. Já o recém-lançado Four Seasons exibe traços mais contemporâneos e conta com um lustre com a altura de três andares, importado diretamente dos Emirados Árabes Unidos. Além disso, a maioria dos edifícios é equipada com mimos como academias de alto padrão, banheiras de hidromassagem e até mesmo boates privadas para os moradores.

Para adquirir um imóvel com esses tipos de benefícios, o comprador precisa desembolsar, em média, R$ 1,8 milhão, por um apartamento de apenas 100 metros quadrados. Existem, é verdade, opções mais sofisticadas, de até R$ 10 milhões. “Os imóveis na cidade estão se valorizando cerca de 18% ao ano”, diz Silva, da Embraed. Para reter sua clientela abonada, a Embraed apostou na criação de novos negócios, verticalizando todo o seu processo de construção: desde as fundações dos edifícios à chave do imóvel na porta.

Nos apartamentos decorados, todos os móveis planejados são de fabricação própria através de uma subsdiária, a Embraed Home. Na construção do edifício, apenas as partes hidráulica e elétrica são terceirizadas. “Assim, temos mais controle da qualidade do material e até do prazo de entrega”, afirma Tatiana. A administração dos condomínios também é de responsabilidade da Embraed. A própria Tatiana é síndica de oito edifícios. “Essa aproximação nos permite resolver problemas na hora”, diz ela.

Embora vislumbre uma alta demanda imobiliária em Balneário Camboriú, pelos próximos anos – está programada a entrega de 18 novos prédios até 2030 –, a Embraed já começa a pensar em expandir sua atuação para outras cidades. A primeira delas será Curitiba, onde residem 40% compradores de imóveis da construtora catarinense. Já em Santa Catarina, Joinville, ao Norte, e Itapema, o vizinho balneário ao sul, são candidatos naturais a receber obras da Embraed. “Cerca de 80% dos nossos clientes são do Paraná ou de Santa Catarina, que vêm comprar sua casa de veraneio”, afirma Tatiana.