Quem for acompanhar de perto os esportes olímpicos no Rio de Janeiro, com certeza terá contato com algum funcionário ou voluntário dos jogos. Afinal, serão mais de 87 mil pessoas espalhadas por todas as arenas e prontas para auxiliarem torcedores e atletas. E a missão para uniformizar todo esse contingente é digna da dificuldade de se ganhar uma medalha. A chinesa 361º será a responsável por toda essa estrutura de material e logística – um papel e tanto para uma ilustre desconhecida. A fabricante de material esportivo é uma das principais marcas do seu país natal e atingiu um faturamento de cerca de US$ 700 milhões no ano passado. Ainda na Ásia, a companhia possui mais de oito mil lojas. Fora do continente, no entanto, a sua participação é pequena. Por isso, a 361º enxerga a Rio 2016 como uma forma de apresentação da marca a todo o Ocidente. “Nike e Adidas, por exemplo, já foram marcas iniciantes um dia”, diz o americano James Monahan, presidente da 361º Interna-tional, braço da companhia focado na expansão mundial. “Nós podemos aprender com as histórias delas e buscarmos o nosso próprio espaço.”

A menção às maiores marcas do setor no mundo não foi por acaso. Os planos da 361º são verdadeiramente ambiciosos – não necessariamente plausíveis de serem concretizados. Até 2020, a empresa pretende estar entre as cinco maiores fabricantes de materiais esportivos do mundo. Na Olimpíada, além dos uniformes dos funcionários, a empresa estampará as roupas das delegações de países como Grécia e África do Sul, assim como de estrelas olímpicas da China, como o nadador Sun Yang, dono do recorde mundial dos 1.500 metros livres.

No Brasil, o plano de expansão começou há dois anos, quando a empresa passou a se aventurar quase que exclusivamente nos acessórios de corrida de performance. Foram mais de duzentas corridas de rua patrocinadas pela 361º. Os próximos passos serão os apoios de equipes locais de vôlei e basquete. “Enxergamos potencial para entrar, inclusive, no futebol”, afirma Sérgio Baccaro, diretor de marketing no Brasil. Para especialistas, no entanto, a empresa chinesa perdeu uma grande oportunidade de fazer ativações mais assertivas antes dos Jogos Olímpicos. “A empresa entra sem poder de marca, pois é pouquíssimo conhecida no País e fora daqui”, afirma Amir Somoggi, especialista em marketing esportivo. “É ilusão pensar que patrocinar as Olimpíadas é o suficiente. A Samsung, além do apoio, fez uma equipe de atletas para divulgar seus lançamentos.” A 361º quer provar o contrário.