27/06/2012 - 21:00
Em uma reunião rápida, o empresário franco-argelino Jean-Charles Naouri, CEO do Casino, assumiu a presidência do conselho de administração da Wilkes, a holding que controla o Pão de Açúcar (GPA), substituindo Abilio Diniz, na manhã da sexta-feira 22. Na prática, esse ato já o coloca como o homem forte da maior rede varejista brasileira, com faturamento de R$ 52,6 bilhões no ano passado. O rito de passagem de controle ainda incluía uma reunião do conselho do GPA, que, até o fechamento desta edição, ainda não havia sido realizada.
Abilio Diniz: “Diziam que o Abilio iria dar um golpe. Mas nunca
passou pela minha cabeça rasgar o contrato”.
Nela, o Casino nomearia três conselheiros – Eleazar de Carvalho Filho, ex-Unibanco, UBS e BNDES, Luiz Augusto de Castro Neves,ex-embaixador, e Roberto Lima, ex-Vivo e Credicard – e ficaria com a maioria dos assentos, apesar de Diniz manter a presidência do Conselho. “Diziam que o Abilio iria dar um golpe”, afirmou Diniz à DINHEIRO, um dia antes das assembleias que marcariam a mudança. “Mas nunca passou pela minha cabeça rasgar o contrato.” Transferido o controle do GPA, a grande dúvida, agora, é como irão se relacionar Diniz e Naouri.
Jean-Charles Naouri: ele assumiu o controle do Pão de Açúcar.
Mas conviverá com Diniz na empresa?
Os dois estão em conflito desde que o empresário brasileiro apresentou, no ano passado, uma proposta de fusão do Pão de Açúcar com a rede varejista francesa Carrefour, principal rival do Casino. Naouri entendeu o acordo como uma manobra para impedir que ele assumisse a operação no Brasil, conforme o estipulado em contrato assinado, em 2005. Desde então, os dois iniciaram negociações para a saída de Diniz da sociedade. Uma possibilidade era Diniz ficar com a rede de eletroeletrônicos Viavarejo, dona das marcas Casas Bahia e Ponto Frio. As conversas, no entanto, não avançaram e estão paradas há um mês.
Pessoas próximas aos dois empresários acreditam que elas podem ser retomadas a partir de agora. Apesar de minoritário, Diniz é o segundo maior acionista do grupo e tem dito a interlocutores que será “bastante ativo para defender os interesses da empresa”. Em resumo, ele pode ser uma pedra no sapato de Naouri. Um conflito não interessa aos dois lados, pois prejudicariam a operação, o que poderia influenciar negativamente no preço das ações Pão de Açúcar. Na semana de transferência do controle, os papéis do GPA tiveram queda de 5,5%. Neste ano, acumulam alta de 10,4%.