Em 21 de janeiro de 1984, uma cisão interna no PCdoB dava origem ao Partido Revolucionário Comunista (PRC), uma legenda nanica que pregava a unificação dos comunistas brasileiros e uma nova vanguarda para a classe operária. Entre os líderes do movimento estava o advogado gaúcho Tarso Genro. Agora, quase 30 anos depois, o militante marxista e grande admirador de Lênin parece ter deixado no baú de lembranças os radicalismos do passado. Futuro governador do Rio Grande do Sul, Genro se elegeu para o Palácio Piratini buscando diálogo e parcerias com o capital privado. 

 

Durante a campanha se reuniu com o empresariado, levou suas propostas de candidato e ouviu as demandas do setor produtivo. O resultado é um plano de governo que traça metas ambiciosas para o desenvolvimento da economia gaúcha. 

 

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Tarso com seu Labrador: governador eleito viajou em busca de investimentos antes mesmo da posse

 

Uma delas é investir R$ 12 bilhões em seu governo, cifra que precisará do setor privado para ser alcançada. “Os empresários já estão colaborando na discussão de temas centrais da economia gaúcha”, disse à DINHEIRO.

 

Tarso Genro tomará posse apenas em 1º de janeiro, mas peregrinou em busca de recursos e investimentos em Portugal e na Espanha. Lá garantiu R$ 750 milhões da espanhola Elecnor, que ampliará o maior parque eólico do Estado. 

 

“Tarso sempre foi flexível e disposto à negociação”, ilustra o economista Antônio Carlos Fraquelli, que foi colega de faculdade do governador eleito. O episódio sinaliza uma nova relação entre o PT e o setor produtivo, que viveram tempos de desavenças. 

 

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Em 1999, o governador Olívio Dutra perdeu uma montadora da Ford, um investimento de US$ 1 bilhão, para a Bahia por se recusar a conceder incentivos fiscais. Para estreitar o diálogo com o setor produtivo, Genro tem um trunfo: criar um conselho nos moldes do Conselhão, uma ideia sua que há oito anos aproximou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de grandes empresários. 

 

“O conselho tem trazido excelentes resultados”, narra o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, Paulo Tigre, membro do Conselhão de Lula. De marxista incendiário, Genro se tornou um bombeiro.