Poucas décadas atrás, dizer que as mulheres iriam dominar o mundo poderia soar como exagero. Hoje, no entanto, não causaria nenhum espanto. Não é novidade que, há algum tempo, além de serem destaque num grande número de setores do mercado de trabalho, elas passaram a ganhar espaço em funções que antes costumavam ser exercidas por homens. O que acontece no comando das grandes empresas e nas mais altas esferas da política reflete essa grande revolução. No mundo corporativo, elas estão no comando. A Petrobras, a maior empresa brasileira e uma das maiores do mundo, é dirigida pela engenheira Maria das Graças Foster. 

 

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À frente da Petrobras: Maria das Graças Foster, mulher de confiança

da presidenta Dilma, dirige a maior empresa do País

 

A subsidiária brasileira da General Motors, a terceira operação mais importante da maior montadora de automóveis americana, está sob a gestão de Grace Lieblein, que assumiu o cargo antes ocupado por outra mulher, Denise Johnson. O Magazine Luiza, uma das maiores redes varejistas do País, é comandada por Luiza Helena Trajano. A empresária, uma das executivas mais admiradas do País, atribui o sucesso das mulheres no mercado de trabalho ao senso intuitivo. “É uma característica tão fundamental nos negócios quanto no lado racional”, diz ela, para quem a evolução da presença feminina no mercado foi facilitada à medida que a sociedade se tornou menos conservadora.

 

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Grace Lieblein, da GM: a executiva americana preside a terceira maior subsidiária

da montadora no mundo

 

“Nunca me senti discriminada ou me permiti esse tipo de sentimento.” Prova disso é a própria presidenta Dilma Rousseff, que chegou ao poder e trouxe consigo um poderoso staff feminino. Entre elas, Gleise Hoffmann (Casa Civil), Marta Suplicy (Cultura), Ana Maria Buarque de Holanda (Cultura), Tereza Campello (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Miriam Belchior (Planejamento) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais), entre muitas outras. “Em 1997, a presença delas em cargos de chefia era de 11% no Brasil. Atualmente, o percentual é de 35%”, afirma Aline Zimermann, diretora da consultoria Fesa. “As mulheres aprenderam a desafiar os riscos antes restritos ao perfil masculino.” 

 

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A presença feminina em cargos de chefia contribuiu para aumentar os lucros de quem as contrata. É o que apontam estudos da consultoria McKinsey. Nos últimos anos, a agência analisou o cruzamento do desempenho financeiro de organizações com o número de mulheres em cargos de alta gerência. E concluiu: as empresas que contam com três ou mais mulheres nos quadros de alta gerência alcançou 72% de eficiência, contra 68% daquelas que privilegiam executivos masculinos. “Sempre tive ótimas equipes, mas percebo que as mulheres ainda precisam de mais espaço e espero que logo as chances sejam iguais”, diz Silvia Levy, diretora da Air France no Brasil. No quesito mulheres no mercado de trabalho, o Brasil vai bem, obrigado. 

 

Uma pesquisa do Centro de Inovação de Talentos, de Nova York, constatou que 59% das mulheres brasileiras com nível superior se descreveram como muito ambiciosas, em comparação com 36% das americanas. A velocidade da mudança de atitude surpreendeu as corporações. “As empresas globais já não veem as mulheres com desconfiança”, diz a presidente do Centro de Talentos, Sylvia Ann Hewlett. De fato, elas estão avançando. Segundo o IBGE, a participação das mulheres no mercado de trabalho aumentou de 40,5%, em 2003, para 45,3%, no ano passado, no Brasil. Entre elas está Fernanda Galvão Montenegro, diretora da rede hoteleira Grand Hyatt. “Houve uma nítida mudança quanto à aceitação das mulheres, principalmente nos postos de liderança”, afirma Fernanda.

 

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