02/10/2015 - 20:00
O escândalo que abalou nas últimas semanas a Volkswagen, a maior montadora europeia, parece estar longe de um final feliz. A Audi, segunda mais importante marca do grupo, também admitiu, na segunda-feira 28, que 2,1 milhões de seus carros saíram de fábrica com um software que burla os sistemas de controle de emissões de poluentes. A notícia torna ainda pior a situação da sua controladora. Desde que a fraude foi descoberta, na semana passada, as consequências do maior escândalo dos 78 anos de história da VW aumentam à medida que as investigações avançam. Cinco das suas 12 marcas (veja o quadro) estão envolvidas no episódio. No caso da Audi, no entanto, a admissão foi um duro golpe às ambiciosas pretensões da companhia, comandada pelo CEO Rupert Stadler, que no ano passado deu a largada ao seu maior plano de investimentos já realizado, com um orçamento de € 24 bilhões.
Neste ano, a Audi vendeu, pela primeira vez, mais de 900 mil automóveis num semestre. Sua receita no período chegou perto dos € 30 bilhões. Os investimentos estão sendo alocados para o desenvolvimento de novos carros, prioritariamente. A empresa pretende remodelar uma série de modelos que representam 40% de suas vendas. O bom desempenho da marca nos últimos anos credenciou Stadler a ser cogitado para o posto de presidente mundial da Volkswagen, logo após a renúncia de Martin Winterkorn, derrubado pela descoberta do escândalo. “Mais uma vez a Audi mostrou sua força”, afirmou Stadler, em julho, durante o anúncio dos resultados. Matthias Müller, que comandava a Porsche, no entanto, acabou sendo o escolhido para a cadeira de Winterkorn.
Os modelos afetados incluem os aclamados Audi A3, A6 e o esportivo TT, todos com motor a diesel. Alguns deles são comercializados no Brasil, mas com propulsores a gasolina e etanol. Procurada, a empresa afirmou, através de seu departamento de comunicação, que o problema não afeta suas operações no País. No entanto,a participação da empresa no escândalo pode ser ainda maior. Um dos executivos afastados na semana passada, na esteira das investigações, foi o chefe do departamento de pesquisa e desenvolvimento da companhia, Ulrich Hackenberg. Segundo a revista alemã Der Spiegel, Hackenberg e seus colegas Heinz-Jakob Neusser, que comandava o mesmo departamento na VW, e Wolfgang Hatz, da Porsche, serão, provavelmente, responsabilizados pela megafraude.