Em 2010, o CEO global da Unilever, Paul Polman, reuniu o Conselho de Administração da empresa anglo-holandesa para fazer um comunicado que deu um novo rumo ao debate sobre responsabilidade empresarial corporativa. Na ocasião, ele anunciou o compromisso de transformar a gigante de € 48,4 bilhões em uma empresa integralmente sustentável, até o fim da década, sem perder a lucratividade. Uma meta ousada, sem dúvida, uma vez que converter estruturas produtivas que atuam em mercados altamente competitivos como o de higiene, limpeza e alimentos, é sempre arriscado. Passados apenas quatro anos, Polman e sua turma têm o que mostrar, especialmente no Brasil.

A subsidiária não apenas aumentou as receitas e os lucros, como também conseguiu introduzir uma série de dispositivos para tornar sua produção cada vez mais verde. No período 2008-2014, o consumo de água caiu 36%, enquanto o uso de energia proveniente de fontes renováveis (etanol, biodiesel, biomassa e óleo vegetal) totalizou 40% de seu consumo total. Além disso, as 15 fábricas em operação no Brasil também deixaram de enviar resíduos para aterros sanitários. Movimentos dessa envergadura não se constituem em exemplos isolados, felizmente. Os cuidados com o meio ambiente entraram na estratégia das grandes empresas na maioria dos países, inclusive do Brasil.

É isso que indica uma ampla pesquisa realizada pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). A sustentabilidade está no topo das prioridades para nada menos de 99% dos executivos de grandes empresas. Eles acreditam que o tema é “importante ou muito importante para os negócios”. Por outro lado, fica claro que esse posicionamento não é fruto de um idealismo romântico. Mas da pressão da sociedade e da necessidade de se evitar os riscos ambientais decorrentes das atividades produtivas, conforme retratado no estudo Sustentabilidade nas Empresas Brasileiras 2014 – Oportunidades de Negócios Sustentáveis.

Premidas pelas circunstâncias ou não, o fato é que as empresas estão se movimentando nas áreas ecológicas. E isso não se resume a olhar apenas o que acontece do portão da fábrica para dentro. Veja, por exemplo, o caso da japonesa Toyota. Antes mesmo de lançar o Instituto Toyota, seu braço nas áreas de responsabilidade social corporativa, a montadora começou a apoiar pesquisas envolvendo a preservação da arara-azul. Graças, em parte, ao seu apoio, a espécie acabou sendo retirada da lista de extinção. Por sua vez, a gaúcha Tramontina enxergou na preservação da floresta amazônica uma forma de perpetuação de seu negócio.

No Pará, a empresa de Carlos Barbosa mantém um ambicioso projeto de manejo florestal, que inclui áreas de conservação permanente e um viveiro de mudas para recuperação de áreas degradadas. Cuidar da natureza também rende lucros. Isso porque, a fabricação de briquetes (pequenos bastões vendidos como lenha ecológica) a partir de sobras da produção de utensílios se tornou uma fonte de renda. “Mensalmente, são fabricados cerca de 400 mil quilos de briquetes, o que representa a permanência de 8,5 mil árvores na natureza”, diz Clovis Tramontina, presidente do Conselho de Administração da empresa da família.

Confira as empresas:

• Unilever
• Tramontina
• Toyota
• Tetra Pak
• Ecorodovias
• Kimbely-Clark
• Prumo Logística
• L’Oreal
• Petrobras
• Cedro

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