08/05/2015 - 20:00
O aperto financeiro promovido pelo governo federal chegou de vez ao crédito imobiliário. Pressionados pela escassez de recursos da poupança que são utilizados para o financiamento e pelo aumento dos custos de captação, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, os dois principais agentes da indústria da construção, endureceram as regras para empréstimos. A partir da segunda-feira 4, a Caixa reduziu a porcentagem mínima de financiamento de imóveis usados de 80% para 50% do valor total. Também no mês passado, já havia anunciado a segunda elevação do ano na taxa de juros para financiamento imobiliário.
O BB seguiu o exemplo e informou, na quinta-feira 7, que a taxa máxima para financiamento subirá para 10,4% ao ano além do valor da taxa referencial. Embora compreensíveis, são péssimas notícias para o setor, que já não tinha vida fácil. Segundo o Secovi-SP, o sindicato da habitação, houve uma queda de 27% nas vendas de imóveis novos em janeiro e fevereiro, na cidade de São Paulo, na comparação com o primeiro bimestre de 2014. Com os anúncios dos bancos públicos, a queda das ações do setor, na Bovespa, chegou a 7,4%, nas últimas duas semanas.
A baixa mais representativa foi a da PDG, de 17,6%. A empresa apresentou prejuízo de R$ 161,7 milhões no primeiro trimestre. “Prevendo o acirramento do cenário macroeconômico, fizemos uma campanha para reduzir o número dos inadimplentes, antecipando os recebimentos e cancelando contratos de vendas”, disse, em teleconferência com os analistas, Carlos Piani, presidente da PDG. Como forma de prevenção, a empresa antecipou o máximo possível do plano de negócios do ano, para o primeiro trimestre, como forma de sofrer menos impacto com o aperto do crédito.
Outra das maiores incorporadoras brasileiras, a Gafisa conduz plano de redução de projetos neste ano. No primeiro trimestre do ano, fez apenas um lançamento para a sua divisão de imóveis de alto padrão. Mas as coisas ficarão mais difíceis. “Em abril, o patamar de demanda está abaixo do que percebemos em março”, disse, em teleconferência com os analistas na manhã de sexta-feira 8, André Bergstein, diretor financeiro e de relações com investidores. “A confiança do cliente está mais baixa.”