O mau tempo na Carolina do Norte forçou o presidente Barack Obama a mudar a festa que havia planejado para aceitar a nomeação como candidato à reeleição. Obama evitou a tempestade trocando o local previsto para o seu discurso na convenção do Partido Democrata de um estádio para uma arena coberta. Para enfrentar uma tempestade bem pior para a sua campanha, a econômica, o presidente escalou um aliado poderoso: seu antecessor Bill Clinton. O desemprego nos Estados Unidos continua em 8,3%, taxa igual à registrada quando Obama chegou à Casa Branca. 

 

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Força aliada: Bill Clinton é a nova arma de Obama. A primeira-dama Michelle

discursa na convenção em Charlotte

 

Por isso, Clinton é fundamental para lembrar aos eleitores que era o Partido Democrata que estava no poder durante um dos mais prósperos ciclos de expansão econômica de sua história, na década de 1990, com superávits fiscais e geração de empregos. Por isso, 20 anos depois, mantém-se mais do que nunca atual o slogan do marqueteiro de Clinton, James Carville, para explicar a motivação dos eleitores: “É a economia, estúpido!” Clinton tem o maior índice de popularidade entre os ex-presidentes americanos — nada menos que 66%. Na convenção, Clinton enfatizou que Obama “herdou uma economia profundamente debilitada e colocou um limite para o fundo do poço”. 

 

E afirmou que muitas das medidas democratas para recuperar empregos ainda precisam de tempo para produzir frutos. Clinton lembrou que, desde 1961, os seis mandatos de presidentes democratas geraram 42 milhões de empregos no setor privado, quase o dobro dos 24 milhões criados pelos sete republicanos. Os discursos de Clinton e da primeira-dama, Michelle, posicionaram Obama como o candidato preocupado com a classe média, com medidas que vão desde o aumento da regulação do setor de saúde à renegociação de dívidas imobiliárias e subsídio aos juros de crédito educativo. Não por acaso, a plateia da convenção estava cheia de cartazes dizendo: “Classe média em primeiro lugar.” 

 

Contrapõem-se ao republicano Mitt Romney, que coloca sua experiência empresarial bem-sucedida como uma credencial para manejar a recuperação econômica, e defende restrições a programas sociais, desregulamentação e redução de impostos. A definição de Clinton para os dois partidos: “Ou estamos todos juntos, ou é cada um por si.” A dúvida é se isso garantirá a Obama a liderança em Estados cruciais para a vitória nas eleições de novembro, como Ohio ou Flórida, já que pesquisas que apontam virtual empate entre os candidatos querem dizer pouca coisa no intricado sistema eleitoral americano. 

 

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