Quem viveu de perto o estouro da bolha da internet, no ano 2000, deve ter tido uma certa sensação de déjà vu na quinta-feira 19. Nesse dia, a empresa americana de internet LinkedIn Corporation captou US$ 352,8 milhões em seu IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) nos Estados Unidos, superando todas as previsões. A dona da principal rede social profissional do mundo vendeu 7,8  milhões de ações, oferecidas ao mercado pelo preço máximo previsto no prospecto, de US$ 45 cada.

Foi a maior oferta inicial de uma companhia de internet desde o IPO do Google, em 2004, e a quinta maior do setor na história. O fato animou o Vale do Silício, maior polo tecnológico mundial, e aumentou os temores de quem vê com ceticismo a excessiva valorização das novas estrelas do mundo pontocom. 

 

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Hoffman (à esq.) e Weiner: fortuna mais do que dobrou em um dia

 

Do total de ações, 4, 8 milhões  foram oferecidas pela LinkedIn e outras 3 milhões, pelos acionistas principais, numa oferta secundária. Após o IPO, o fundador da rede social, Reid Hoffman, e os sócios capitalistas (que investiram cerca de US$ 100 milhões na empresa desde 2003) ficaram bilionários. Sua fatia combinada na companhia, de US$ 2,5 bilhões, mais do que dobrou. Só no primeiro dia de negociações na bolsa, as ações disparam 130% e o valor de mercado subiu  para mais de US$ 8 bilhões. 

 

O desempenho do LinkedIn dá uma amostra do que pode estar por vir, quando forças ainda maiores da internet, como o Facebook e o Twitter, resolverem lançar suas ações na bolsa. Voltado para o desenvolvimento de carreiras, o LinkedIn tem apenas uma fração dos usuários do Facebook. A questão é se o desempenho é sustentável. A possibilidade de uma nova bolha é aventada há algum tempo. O próprio CEO do Google, Eric Schimidt, falou sobre isso recentemente. “Há claros sinais de que está se formando uma nova bolha nos negócios digitais”, disse ele.

 

A diferença entre a receita e o valor de mercado de algumas empresas reforça a tese. O Facebook, por exemplo, tem seu valor estimado em US$ 80 bilhões, 40 vezes o seu faturamento. Já o Twitter, que faturou no ano passado US$ 45 milhões, foi avaliado, recentemente, em US$ 3,7 bilhões. Para o CEO do LinkedIn, Jeffrey Weiner, no entanto, o fato de as ações de sua companhia terem disparado na estreia é irrelevante. “Isso não é indicativo de nada”, disse Weiner. “Estamos focados nos nossos planos de longo prazo.”

 

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