24/03/2023 - 0:30
O mercado de leilões on-line veio para ficar. Globalmente, ele movimentou US$ 5,9 bilhões em 2021 e deve alcançar US$ 11,5 bilhões em 2027, segundo levantamento da Researchsandmarkets. E tem tudo para crescer de forma exponencial com o blockchain. A tecnologia que revolucionou muitos mercados e está sendo uma das bases estruturais da web 3.0 foi fonte de inspiração para Ronaldo Santoro, fundador da rede Bomvalor. Com experiência no mercado de leilões, o empresário iniciou a startup com a aquisição de uma software house e, a partir daí, incorporou a tecnologia blockchain a ela, levando o mercado de leilões a um novo patamar tecnológico e de segurança. “Os leilões on-line vêm se firmando como uma alternativa vantajosa tanto para quem deseja vender, quanto para o potencial comprador, que consegue avaliar uma gama maior de alternativas”, destaca Ronaldo Santoro que além de fundador é head de Produtos Digitais e Tecnologia da rede Bomvalor.
O mercado de leilões pela internet já responde por 90% do total negociado nas diversas modalidades de pregão (on-line, híbrido e presencial), segundo estimativa feita pela própria empresa. O movimento alcança R$ 100 bilhões ao ano.
Desde o início da pandemia, o número de pessoas que passaram a frequentar leilões por telas variadas subiu entre 20% e 70%, dependendo da categoria de bens. No segmento de veículos usados e seminovos para uso próprio, por exemplo, a alta foi de mais de 40%, muito em função dos preços convidativos — o lance inicial é sempre bem abaixo do preço de mercado — e das opções de pagamento. Um mercado que só cresce e, segundo o Sindicato dos Leiloeiros, seguirá crescendo.
90% é quanto representa o mercado de leilões on-line do total negociado nas diversas modalidades de pregão
Segundo o CEO da Bomvalor, Fábio Kielberman, diariamente, são realizados mais de 100 leilões on-line em todo o País no segmento extrajudicial, ou seja, por empresas privadas que querem se desfazer de bens ou estoques, seja para renovar ativos como máquinas e frota, ou se desfazer de bens de terceiros, obtidos como garantia em algum negócio. Buscando aumentar a participação nesse mercado, a Bomvalor alavanca os negócios em sua rede com o uso do blockchain. Nos últimos dois anos, já realizou mais de 7,4 mil leilões on-line de bens diversos em sua plataforma de eletrônica (que reúne mais de 40 casas leiloeiras).
Em 2022, foram cerca de 5 mil leilões em sua rede, mais do que dobrou nos 12 meses anteriores, quando operou algo em torno de 2,4 mil leilões, envolvendo a comercialização de 25,2 mil lotes — 46% a mais do que em 2020. Para Kielberman, mesmo já tendo movimentado R$ 1 bilhão, o foco principal da empresa ainda não é o faturamento, mas sim criar e testar modelos de negócio viáveis para os leiloeiros. Hoje, a startup já tem contrato para leilões corporativos com a Vale e está em negociação com gigantes como Votorantim e Santander.

“Mesmo com R$ 1 bilhão movimentados, o foco principal ainda é criar e testar modelos de negócio viáveis para os leiloeiros” Fábio Kielberman CEO da Bomvalor.
NA PRÁTICA Por ser um mercado antigo e já muito regulamentado, a plataforma vira um meio de conexão entre os leiloeiros e os compradores. No Brasil não é permitido realizar os leilões sem a intermediação de um leiloeiro que, por lei, deve receber 5% em comissão sobre a venda. A partir disso, a Bomvalor não ganha com a venda, mas cobrando pela utilização da plataforma, um custo de R$ 500, pago somente quando o usuário efetua a primeira venda. Para o futuro, o objetivo é oferecer para o profissional mais do que um ambiente on-line para realização do evento, mas também auxílio de serviços como de avaliadores de itens. “Um dos nossos objetivos para este ano é expandir essa rede de profissionais apoiadores”, afirmou o executivo.
Também é possível realizar práticas já comuns no segmento, como divisão de comissões e com o blockchain fica tudo mais fácil: é gerado um token que representa a fração ideal de cada parte, totalmente autenticado e rápido dentro dessa tecnologia. É possível, por exemplo, comprar um apartamento em várias pessoas, sem a problemática da divisão, já que a plataforma cuida dessa parte. Utilizando uma das maiores tendências em tecnologia atualmente, a Bomvalor deve se aproveitar do pioneirismo no segmento e continuar a crescer em movimentações e principalmente em usuários nos próximos anos.