09/04/2015 - 18:00
Diz o ditado que a união faz a força. Para o grupo farmacêutico americano Abbott, no entanto, trata-se de uma tirada ultrapassada. Em 2013, a companhia foi dividida em duas empresas independentes. A Abbott ficou com a fabricação de medicamentos antigos, com patente expirada, e outros negócios no setor de saúde. A Abbvie, com biomedicamentos e fármacos patenteados. Com isso, ambas deram um salto gigantesco em valor de mercado. O motivo, segundo Juan Carlos Gaona, presidente da Abbott no Brasil, está na especialização.
“Ficou muito mais claro quais são os objetivos de cada uma das áreas de negócio”, afirma Gaona. Desde então, as ações da companhia se valorizaram em 21% na bolsa de Nova York e, somando os papéis da Abbvie, ultrapassaram a barreira dos US$ 100. Juntas, o valor de mercado da Abbott e da Abbvie chegou a US$ 163 bilhões, neste ano, mais do que o triplo dos US$ 47 bilhões, em 2012, no período anterior à separação. “Se eles não tivessem feito esse movimento, hoje estariam perdendo mercado”, afirma Israel Nena, analista de saúde da consultoria Frost & Sullivan.
No Brasil, a divisão foi concluída há um ano e os resultados já começam a aparecer. No ano passado, a Abbott faturou US$ 508 milhões no País, um aumento de 8% em comparação a 2013. “Foi um ano bom para nós”, diz Gaona. “Esperamos manter o desempenho, apesar das dificuldades da economia.” Segundo ele, desde 2010, o Abbott vem apostando nos mercados emergentes, como o Brasil. Outra mudança promovida por esse processo foi o fortalecimento dos outros negócios não vinculados ao setor de medicamentos que exigem receita, que passaram a responder por mais de 80% do faturamento global.
Os produtos nutricionais, responsáveis por 34% das vendas no mundo, são um dos principais focos da Abbott no País. “Apesar de estarmos presentes em apenas 12 mil das 68 mil farmácias, atingimos 65% do mercado brasileiro”, diz Gaona. “De qualquer forma, precisamos dar mais visibilidade à marca”. Na área de diagnósticos, que responde por 23% do faturamento global, a empresa conta em seu portfólio com clientes como os laboratórios Dasa e Fleury. E ainda há o departamento de dispositivos médicos, com 27% das vendas, com produtos como os stents e medidores de glicose.
Já a Abbvie, que ganhou maior atenção dos investidores e tem o maior valor de mercado (US$ 93 bilhões), ainda precisa fazer seus negócios deslancharem no Brasil. Desde a divisão, a companhia continua do mesmo tamanho, em torno de US$ 435 milhões de faturamento, em 2013 e 2014. A burocracia para registrar medicamentos no País levou-a a adiar, por um ano, o processo de separação dos negócios, em relação aos Estados Unidos. Procurada, a Abbvie não se pronunciou.