07/03/2012 - 21:00
Quanto vale um jogador de futebol com passagens por grandes times do Brasil e da Europa? Ou um ensaio sensual com a beldade mais desejada do momento? A resposta a essas duas perguntas pode, facilmente, ultrapassar os milhares ou até mesmo a casa dos milhões de dólares. E poucas são as pessoas, empresas ou clubes que possuem, sozinhos, os recursos necessários para convencer uma modelo a tirar a roupa ou um jogador a defender as cores do seu time. Mas e se a pergunta não for quanto vale, mas sim o quanto as pessoas estão dispostas a pagar para, coletivamente, arrumar os recursos para atingir objetivos como esses?
Nudez coletiva: a apresentadora Pietra Príncipe fará um ensaio sensual caso seus fãs juntem R$ 300 mil.
É com base nessa premissa que empresas brasileiras estão utilizando o crowdfunding, modelo de financiamento que utiliza as redes sociais para arrecadar recursos e viabilizar projetos que envolvem duas das grandes paixões masculinas: sexo e futebol. A empresa gaúcha Nake it é uma delas. O plano da companhia criada pelos ex-publicitários Rodrigo Nery, Daniel Mattos e Ricardo Dullio é oferecer a possibilidade de financiar coletivamente ensaios nus de pessoas que não serão alvos das tradicionais revistas masculinas. “A ideia é que qualquer pessoa, homem ou mulher, possa arrecadar dinheiro para posar nua”, afirma Nery.
A primeira a experimentar essa nova forma de captação de recursos será a carioca Pietra Príncipe, apresentadora do programa Papo Calcinha, do canal de tevê pago Multishow. A bela loira de 29 anos promete tirar a roupa se os internautas conseguirem arrecadar R$ 300 mil. Quem quiser contribuir deverá acessar o site da Nake It e adquirir uma cota com valor mínimo de R$ 20. Se o montante desejado for arrecadado, quem colaborou recebe as fotos e mais alguns benefícios, de acordo com o valor doado, que podem incluir um pôster autografado, uma peça íntima da moça e até um jantar a dois. Caso a arrecadação não atinja a meta, o dinheiro será devolvido integralmente. A Nake it ficará com um percentual do total arrecadado. “Eles buscaram alguém que não fosse somente bonita, mas também tivesse alguma relação com o público na web”, afirmou Pietra à DINHEIRO.
Torcida unida: André Barros (à esq.) e Felipe Andrade, da MOP, querem democratizar
a compra de jogadores de futebol.
“Gostei do pioneirismo da coisa.” Segundo Nery, o projeto inaugura uma nova forma de encarar o crowdfunding. “O financiamento coletivo é usado geralmente em ações sociais”, afirma. “Temos uma visão mais comercial.” O site com o projeto de Pietra será lançado nesta semana. A partir dele, a Nake It planeja abrir a plataforma para qualquer pessoa que tenha coragem de fazer um ensaio sensual. Se por um lado a Nake It quer se aproveitar da libido masculina para convencer as pessoas a abrir a carteira, a paulista MOP, dos empresários André Barros e Felipe Andrade, aposta no fanatismo quase religioso do torcedor de futebol para arrecadar recursos.
O esquema é o mesmo do utilizado no projeto Pietra. A diferença é a vaquinha para contratar jogadores. A primeira ação da MOP está sendo realizada em parceria com o Palmeiras e tem o objetivo de arrecadar R$ 21 milhões para a compra dos direitos econômicos do jogador Wesley, ex-Santos e Werder Bremen, da Alemanha. “Queremos democratizar o acesso à contratação de jogadores”, diz Barros. Quem colaborar receberá benefícios, como a possibilidade de viajar com o time. A MOP ficará com 10% do arrecadado e devolverá o dinheiro se o montante não for atingido.
No primeiro dia de arrecadação, os torcedores juntaram mais de R$ 280 mil, o maior valor arrecadado até hoje no Brasil por meio do crowdfunding. A experiência mostra o potencial de faturamento do futebol. Não é por acaso, portanto, que a MOP chamou a atenção de investidores. A companhia, que já recebeu R$ 6,5 milhões em investimentos, tem como sócio o executivo Clementino Bolan, vice-presidente do grupo varejista Angeloni, de Santa Catarina. Já a Nake It recebeu recursos do fundo carioca Innvent. Nota da redação: nenhuma das duas empresas recorreu ao crowdfunding para obter esses recursos.