O dia de pagar fornecedores era trabalhoso para o empresário Otávio Lage de Siqueira Filho, presidente da usina de açúcar goiana Jalles Machado. Com um faturamento de R$ 350 milhões em 2011, a empresa tinha de honrar compromissos financeiros com dez mil parceiros. “Fazíamos a maior parte de nossos pagamentos em cheque, e eu chegava a gastar uma hora e meia para assinar todos eles”, diz. “Agora, resolvo tudo em menos de dez minutos e nem preciso ir ao escritório para fazer isso.” A solução para economizar tempo e dinheiro está nas pontas dos dedos de Siqueira: um tablet com um aplicativo desenvolvido pelo Bancoob, banco do sistema de crédito cooperativo. O uso da tecnologia poupou inúmeras viagens entre a planta da usina e o centro de Goianésia, distante 18 quilômetros, sem contar a diminuição de custos com papelada e pessoal.

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A Jalles Machado não é uma exceção. Segundo Luiz Cândido Severino Jr., executivo do Bancoob responsável pela implantação desses serviços, os 2,5 milhões de clientes do banco realizam, em média, 48 transações mensais com dispositivos móveis. “O percentual ainda é pequeno, apenas 2% das transações, mas a tendência de crescimento é irreversível.” Os números oficiais dos bancos confirmam a percepção do executivo. Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em 2011 foram realizados 66 milhões de transações via dispositivos móveis. O crescimento foi de 49% em relação a 2010, segundo a Febraban. No ano anterior, o avanço, embora sobre uma base menor, havia sido de 72% (veja gráfico), e os prognósticos são de que esse ritmo vai se manter acelerado. 

 

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Severino Jr: tendência irreversível de migração para tablets e smartphones.

 

“Há cerca de 250 milhões de celulares ativos no Brasil, mas poucos são smartphones capazes de processar transações”, diz Severino Jr. Os grandes bancos desenvolveram esses serviços como uma forma de diversificar os canais de atendimento e reduzir o custo das transações realizadas na rede de agências – e se surpreenderam com o resultado. “Quando lançamos as transações via smartphone, há cerca de um ano, esperávamos uma adoção lenta”, diz Maurício Machado de Minas, diretor responsável pela tecnologia do Bradesco. “Não esperávamos que, em poucos meses, os clientes contratariam 70 mil empréstimos e fariam seis mil transações por mês no home broker, por meio de celular e tablet”, diz. A tecnologia mais recente permite que o cliente pague as contas lendo o código de barras do boleto com o celular, o que elimina a necessidade de digitar os aparentemente intermináveis códigos numéricos. 

 

O arquirrival Itaú lançou os aplicativos para dispositivos móveis em fevereiro de 2011 e já contabiliza 2,5 milhões de downloads. O líder na preferência é o iPhone, com 910 mil usuários cadastrados, seguido pelo Android, com 850 mil. Segundo a Febraban, os investimentos dos bancos em tecnologia cresceram 11% em 2011, chegando a R$ 18 bilhões, o que os torna os clientes mais importantes do setor de tecnologia brasileiro. Nesse bolo bilionário, o destaque vai para as transações eletrônicas, em especial as realizadas por dispositivos móveis. As projeções do setor mostram que os bancos brasileiros vão aumentar os investimentos em tecnologia em 42% até 2015. “O brasileiro é ávido por novidades”, diz Machado. “As possibilidades são praticamente ilimitadas.” 

 

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