Excelentíssima senhora presidente da República, venho por meio deste artigo informar que já deu. Se a senhora realmente pensa no povo e no bem do País, por favor, mude tudo ou peça para sair. É verdade que seu cargo lhe foi concedido democraticamente pelo voto, mas a visível agonia de seus eleitores – a grande maioria deles mais pobre do que quando apertou o botão verde da urna eletrônica nas últimas eleições – nos leva a acreditar que estão arrependidos. Que se sentem enganados.

O pedido para que a senhora antecipe sua aposentadoria não é um movimento golpista contra a senhora e seus amigos do PT. Até é possível encontrar, se procurar bem, alguns companheiros de bom-senso, bem-intencionados. Mas o fato é que, para se reeleger, a senhora mentiu descaradamente. O Brasil está mergulhado em uma recessão que parece não ter fim. As empresas estão fechando. Os investidores estão indo embora. A vida ficou mais difícil e não existem sinais de melhora no horizonte.

A senhora prometeu que não seria eleita para desempregar trabalhadores. Mentiu. Só no ano passado, mais de 1,5 milhão de pais de família foram para a rua. Trata-se do maior número de vagas fechadas em 23 anos. A senhora garantiu também que as bases da economia seriam mantidas e reforçadas. Mentiu, de novo. Prometeu, dona presidente, que faria do Brasil uma pátria educadora, mas cortou linhas de financiamento e reduziu o orçamento do Ministério da Educação. Na área da saúde, disse que prestaria um atendimento digno à população em qualquer parte do País, mas a situação é catastrófica e novas doenças estão surgindo, principalmente, pela incompetência das políticas públicas.

De volta à economia, a senhora está fazendo tudo errado. Garantiu que a inflação seria controlada, que equilibraria as contas públicas gastando apenas o que arrecada e que resgataria a confiança internacional. Nada disso a senhora cumpriu. O País está, provavelmente, afundando na maior depressão de sua história econômica. No ano passado, a economia encolheu mais de 4%, pelas projeções prévias do Banco Central. Se o IBGE confirmar essa informação no início de março, será a pior recessão do Brasil em 25 anos, desde 1990, quando a retração foi de 4,35%.

Para 2016, a previsão é de encolhimento de mais de 3%. O pior é que a queda aguda e prolongada do Produto Interno Bruto (PIB) terá um efeito irreversível, levando o País a viver, novamente, uma década perdida. Todos nós sabemos, senhora presidente, que as tais reformas que serão encaminhadas ao Congresso não resolverão o problema. Não haverá CPMF para bancar a farra da gastança dos últimos anos. Aliás, a senhora prometeu também que nunca iria adotar a CPMF porque era contra esse imposto. A senhora está, como dizem no interior, “cozinhando o galo” para ganhar tempo e prolongar a agonia do País.

Sua própria base aliada não confia em seu governo. A senhora é tão mal vista em Brasília que não teria maioria nem para aprovar benfeitorias em reunião de condomínio. Entendo que seu passado de lutas e sofrimento faz com que sua capacidade de resistência seja acima da média. Mas o prolongamento de seu governo só trará mais sofrimento ao Brasil. Esperar quase três anos para, a partir da próxima eleição, começar a consertar o País terá um custo econômico e social incalculável. Então, presidente, pense com carinho nessa ideia. Não é uma questão pessoal. A senhora tentou. É que, como presidente, não dá mais.