31/03/2023 - 1:30
Há um argumento tão amplamente usado por quem é a favor da derrubada da Amazônia que, mesmo sem autoria certa, ele parece enraizado: assim como os países do hemisfério Norte, o desenvolvimento do Brasil está condicionado à destruição de suas florestas.
Com a Mata Atlântica já reduzida a 9% de sua área, o alvo dos antiambientalistas é a Floresta Amazônica. Pois bem, sugiro aos representantes do grupo citado que leiam o relatório A Maratona da Amazônia: Como o Brasil Pode Liderar a Economia de Baixo Carbono da Amazônia para o Mundo. Vale, ao menos, refletir.
Do documento apresentado pelo hub de economia verde Aya Earth Partner, durante o Fórum Econômico Mundial, realizado em janeiro em Davos (Suíça), destaque para o gráfico representado ao lado. Nele, a empresa correlaciona o PIB corrigido do Brasil e sua variação anual, com a área total desmatada da Amazônia Legal e a porcentagem da população em insegurança alimentar.
Em 2013, a área desmatada foi de 5 mil km2. Com aumento de 3% sobre 2012 (que também teve alta de 1,9%), o PIB naquele ano foi de US$ 2,473 trilhões em valor atual e a participação da população em insegurança alimentar foi de 23%. Já em 2021, quando o desmatamento bateu recorde de 11.568 km², o PIB foi de US$ 1,6 trilhão, com alta de 4,6% sobre 2020 e quase 60% da população em vulnerabilidade nutricional.
Para quem começou a pensar que é preciso avaliar outras variáveis neste quadro, já aviso que é justamente este é o ponto: não dá para dizer que é a Amazônia que explica a pobreza histórica do Brasil.

(Nota publicada na edição 1318 da Revista Dinheiro)