21/09/2013 - 7:00
Eram 10h24 da quarta-feira 18 quando o ministro dos Transportes, César Borges, abriu um amplo sorriso no saguão principal da sede da Bovespa, em São Paulo. Num misto de alegria e alívio, o ministro comemorava o sucesso do leilão da BR-050, que liga Cristalina (GO) à cidade de Delta, na divisa entre Minas Gerais e São Paulo. O consórcio vencedor, formado por nove empresas de médio porte, ofereceu um deságio de 42,38% para abocanhar a rodovia. “Era um filé mignon, pois não tem desapropriações nem obra executada pelo Dnit para atrapalhar”, disse um dos investidores derrotados, referindo-se ao histórico de ineficiência no órgão público responsável por cuidar das estradas brasileiras.
Martelo batido: representantes do consórcio vencedor e o ministro
César Borges (no centro) encerram o leilão
Não por coincidência, o fracasso do leilão da BR-262, que não teve nenhum interessado, foi creditado ao receio dos consórcios de depender da autarquia para duplicar uma parte da rodovia. “Podemos dar garantia, caso o Dnit não performe”, diz o ministro César Borges. É uma estratégia importante para atrair a participação de investidores estrangeiros, que até agora não abraçaram o programa de logística, com temor da interferência estatal, um rótulo que persegue o governo Dilma. Na disputa pela BR-050, apenas o grupo espanhol Arteris participou. A cobrança aumenta agora com a desistência de gigantes estrangeiras de petróleo, como as britânicas BP e BG, e as americanas Chevron e ExxonMobil, de participar do leilão do pré-sal do campo de Libra, em outubro.
Eram esperados 40 empresas concorrentes, mas somente 11 se inscreveram. No caso das rodovias, para melhorar a atratividade das concessões, o governo vai elaborar, “a quatro mãos”, com o setor privado, a ordem das estradas que serão privatizadas daqui para a frente, começando pelas mais cobiçadas. “Estamos de olho em mobilidade urbana, aeroportos e rodovias”, diz Gustavo Rocha, presidente da Invepar, empresa formada por três fundos de pensão e pela construtora OAS, e que administra o aeroporto de Guarulhos. Outro ponto importante é a disposição do governo de assumir a responsabilidade na obtenção das licenças ambientais das obras. “Imagine se aparece um papagaio na rodovia e o Ibama não dá a licença”, ironiza um dos investidores. Sem essas amarras, a iniciativa privada consegue trabalhar.