Um bom marinheiro deve saber quando é possível aventurar-se  por mares revoltos e quando é melhor esperar, em terra firme, a tempestade passar. É exatamente o que o investidor brasileiro Pierre Schurmann procurou fazer. Em 1996, ele fundou o site de buscas Zeek!, que chegou a ser o segundo maior do Brasil e foi vendido, dois anos depois, para a multinacional americana StarMedia, da qual se tornou diretor após a negociação. O estouro da bolha da internet, em 2000, e a consequente derrocada da StarMedia, no entanto, o levaram a se distanciar do mercado digital. 

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Sem cartão Mayara Campos e Pierre Schurmann: o alvo da Tutudo são os usuários de internet sem cartão de crédito

Agora, com a maré digital favorável e o sucesso das redes sociais, Schurmann coloca de novo seu barco nas águas da internet. Ele resolveu investir em uma companhia de pagamentos eletrônicos, voltada aos jogos sociais, a Tutudo. “O mercado de internet brasileiro hoje está mais sólido”, afirma o empresário. Membro da família Schurmann, de Santa Catarina, que ficou famosa ao empreender uma viagem de dez anos pelos sete mares a bordo de um veleiro, ele aproveita a experiência de um velho lobo do mar para navegar por um setor ainda pouco explorado, mas com boas perspectivas: o de moedas virtuais.  

A Tutudo oferece cartões pré-pagos que podem ser utilizados para a compra de produtos e serviços em jogos sociais, como os da parceira Vostu, criadora do Mini Fazenda, jogo que  simula uma fazenda e faz sucesso no Orkut. O objetivo da empresa é conquistar os jogadores que não possuem cartão de crédito, um segmento que chega a representar 44% do total dos usuários dos games virtuais, de acordo com estimativas da companhia. “São pessoas que têm interesse em comprar, mas não possuem o canal para isso”, afirma Mayara  Campos, cofundadora e gerente-geral da Tutudo. 

 

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O retorno ao mundo virtual se dá no momento em que especialistas temem o estouro de uma nova bolha. Mas Schurmann diz não acreditar na possibilidade de uma nova quebradeira, como a do começo da década passada. A razão é que, naquela época, havia uma sobrevalorização das empresas. “A crise veio quando as expectativas não foram alcançadas”, diz. “Hoje, o mercado digital é uma realidade.” Nesse sentido, a experiência de quem já passou pelos mares turbulentos do início da internet comercial é uma moeda valiosa para novas investidas.