29/11/2013 - 21:00
Dona da quarta maior reserva de petróleo do mundo, a República Islâmica do Irã viu a exportação do produto despencar no ano passado, com o endurecimento das sanções impostas por Estados Unidos e União Europeia. Na semana passada, porém, um acordo assinado em Genebra com um grupo de seis potências ocidentais – EUA, França, Alemanha, Reino Unido, China e Rússia –, para aumentar o controle sobre seu programa nuclear e afastar o risco de uma bomba atômica, começou a mudar o futuro da economia iraniana. “É um primeiro passo muito positivo, mas o caminho ainda é longo”, disse o presidente Hassan Rohani, no cargo há três meses e meio.
Cliente potencial: ?É um primeiro passo muito positivo?, diz Rohani, presidente
do Irã, sobre acordo em Genebra
Inicialmente, foram suspensas apenas as sanções ao setor automotivo e ao comércio de ouro e metais preciosos. Se o acordo prosperar, o país poderá ter a venda de petróleo e gás normalizada, voltando a participar do comércio internacional. Com uma população de 76 milhões de habitantes e PIB per capita pouco superior a US$ 10 mil por ano, semelhante ao brasileiro, o Irã sofre com inflação elevada e recessão. A economia encolheu 1,9% no ano passado e deve ter uma nova contração de 1,5% neste ano, segundo previsão do Fundo Monetário Internacional. Apesar disso, o potencial de receita com o petróleo torna o país um destino atraente para exportações brasileiras, especialmente agrícolas.
As vendas brasileiras cresceram nos últimos anos, até chegar a US$ 2,2 bilhões em 2012. Neste ano, no entanto, caíram 31%. “O Brasil não participa das sanções, mas o comércio é prejudicado pelos bloqueios dos recursos iranianos no sistema financeiro internacional”, diz Maria Clara Carisio, diretora do Departamento de Ásia Central, Meridional e Oceania do Ministério das Relações Exteriores. Agora, ela acredita que o cenário vai mudar. “É o momento de as empresas aproveitarem as oportunidades.” Os produtores de carne de frango, por exemplo, esperam ampliar as vendas, que diminuíram nos últimos anos. “Os iranianos já entraram em contato com algumas das nossas empresas”, diz Franciso Turra, diretor-presidente da União Brasileira da Avicultura.