12/11/2021 - 9:00
Talvez a mais alvissareira notícia dos últimos tempos tenha sido a do leilão do 5G, dias atrás, que movimentou cerca de R$ 50 bilhões e, mais importante, deu um belo empurrão para que o Brasil faça a sua estreia de gala na era das comunicações de alta conectividade. Será muito mais que mera comunicação rápida, mas também existe um longo caminho pela frente. De cara, brotou a necessidade de instalação de, ao menos, 1 milhão de antenas para atender o País. Para se ter uma ideia do tamanho do desafio, atualmente o Brasil dispõe de 103 mil transmissores e a nova tecnologia exige bem mais. Ao menos cinco a dez vezes a atual capacidade de cobertura, antes de revolucionar as atividades na educação, na saúde, na indústria e em diversos campos que sentirão seu transformador impacto. A Anatel definiu que o 5G irá funcionar nas 26 capitais e no Distrito Federal até julho de 2022, muito embora o alcance completo dessas regiões possa sofrer algum atraso. A demora é natural frente as necessidades. Anualmente o setor investe mais de R$ 30 bilhões em expansão da rede, um número que precisará talvez dobrar para alcançar objetivo tão ambicioso. É uma corrida cuja largada foi dada em todo o mundo e o Brasil sai com algum atraso para a disputa da dianteira. Em um cenário futurista, logo ali adiante, casas inteligentes, medicina robótica a distância, bólidos movidos por inteligência artificial, drones de entrega das mais diversas mercadorias e outras facilidades serão realidades corriqueiras, como ocorreu quando da virada fulgurante dos telefones de ficha para os aparelhos celulares. O maior ganho será social, verificado justamente nas comunidades mais carentes e remotas, com a previsão de cobertura de municípios e áreas urbanas onde ainda não existe bom acesso. Além do esforço acelerado na direção de maior conectividade, a mudança do 5G está a exigir uma regulação adequada, viabilidade financeira condizente e muita mudança tecnológica. Em outras palavras, os desafios estão apenas começando, embora (sem dúvida!) a porta tenha sido aberta para uma nova dimensão na qualidade de vida, nacionalmente. Os serviços digitais, numa das pontas mais nevrálgicas do processo, merece atenção especial. Ganharão uma celeridade inédita. Imagine você que, entre a intenção manifestada de um pedido e a efetiva entrega à sua porta, decorrerão, na maioria dos casos, um prazo contado em minutos ou até segundos. A universalização de recursos de educação, os impactos no agro, os ganhos competitivos, a agilidade nas transações financeiras, tudo assume outra dinâmica a partir dessa mudança, que já está em curso. Será rápida, e realmente surpreendente, a transformação. Na prática o Brasil, que se arrastava arcaicamente, distante do processo já em curso a modificar o dia a dia em muitas partes do mundo, recebeu um passaporte de entrada para o clube da primeira classe tecnológica. Estamos, finalmente, vislumbrando um novo modelo de negócios, de vida e das relações humanas. O futuro — é possível dizer sem medo de errar — chegou.
Carlos José Marques Diretor editorial