21/09/2013 - 7:00
Na semana passada, o diretor da Hörmann Brasil, Flávio Pinto, viveu uma maratona de reuniões. Em cada encontro, foram fechados negócios que estavam pendentes com clientes que prometiam assinar contrato para a compra de portas da multinacional alemã, “num momento mais favorável”. Aparentemente, o momento chegou. “O que era perspectiva virou realidade”, conta Pinto, que espera faturar R$ 30 milhões neste ano, 50% a mais do que em 2012. A Hörmann chegou ao Brasil em 2008, como importadora, e vem surfando com o crescimento da construção civil no País e os preparativos da Copa do Mundo. São da Hörmann, por exemplo, as 500 portas que serão instaladas no estádio do Corinthians.
Em movimento: atividade aquecida na produção de eletrodomésticos
O rápido crescimento incentivou o executivo a pressionar a matriz, que conta com um faturamento global de € 1,2 bilhão, por uma planta industrial no Brasil. Uma consultoria já está avaliando a melhor região para instalar a fábrica, que pode ser base de exportações . O otimismo com a economia não é exclusividade do diretor da Hörmann Brasil. Segundo a Sondagem Industrial de agosto, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) na semana passada, os indicadores de expectativa – de demanda, exportação, compra de matérias-primas e de número de empregados – encontram-se em alta. O estudo mostra que todas as variáveis estão acima da linha divisória de 50 pontos, que indicam evolução positiva.
A produção da indústria, por exemplo, já cresce pelo segundo mês seguido. Ainda há excesso de estoques nas indústrias, admite a CNI, mas a mudança de humor parece clara. Além de indicadores mais favoráveis – em julho o varejo cresceu 1,9%, segundo o IBGE, acima da projeção do mercado –, a perspectiva de um ano eleitoral, quando os governos aumentam investimentos públicos, também fortalece o otimismo dos empresários. Com uma agenda de concessões na pauta, que passam pelo leilão do campo de Libra, em outubro – para o qual 11 empresas já se inscreveram –, o futuro parece interessante.
“Concessões marcadas são sinais positivos”, diz o economista Luís Eduardo Assis. Mas nada que aposente o indesejado “pibinho” neste ano. “O quadro geral é de um crescimento muito baixo.” De fato, nada a ponto de aumentar as apostas de um PIB acima de 2,4%, como mostrou a pesquisa Focus na semana passada – a terceira revisão semanal para cima. Porém, de grão em grão a galinha enche o papo. Na semana passada, o Federal Reserve anunciou que manterá a injeção de US$ 85 bilhões mensais, confirmando que a recuperação americana ainda merece cuidados. Trata-se de uma boa notícia para países emergentes, como o Brasil, que podem capitalizar a liquidez internacional com a melhora do ambiente para fazer negócios.