30/01/2013 - 21:00
Poucos empresários brasileiros foram tão assíduos no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) quanto o carioca Eike Batista, dono do grupo EBX. Com uma lista de megaprojetos debaixo do braço, Eike captou cerca de R$ 10 bilhões na bolsa, desde 2006, convencendo investidores a apostar em negócios que se tornariam realidade em até dez anos. Em 2012, no entanto, o humor dos investidores em relação ao mundo X azedou e suas empresas abertas perderam mais de R$ 30 bilhões em valor de mercado. Por conta dessa mudança na direção dos ventos, Eike vem diversificando as fontes de financiamento. Em vez do mercado, ele volta a buscar recursos no BNDES e com parceiros privados, como o alemão E.ON, que aplicou R$ 1 bilhão na MPX, de energia.
No Pregão: Eike fala com investidores na abertura de capital da OGX, em 2008, na Bovespa
Os pedidos de empréstimo junto ao banco saltaram de R$ 1,7 bilhão, em 2010, para R$ 2,7 bilhões no ano passado (veja quadro). Por meio do BNDESPar, braço que compra participações em empresas, o banco estatal também é sócio da CCX, de carvão, da MMX, de minério, da OGX, de petróleo, da SIX, de tecnologia, e da MPX, de energia. Ao mesmo tempo que amplia os laços com o BNDES, Eike tenta recomprar ações e tirar algumas empresas da Bovespa. A mais nova tentativa nesse sentido é o anúncio de fechamento do capital da CCX, que possui projetos de extração de carvão na Colômbia. Eike fixou um valor-teto, de R$ 4,31, para a conversão dos papéis da CCX em ações das demais integrantes do mundo X, negociadas na Bovespa.
Com isso, espera evitar o fiasco ocorrido em setembro com a LLX, quando não conseguiu fechar seu capital. Mesmo com a fixação de um teto e com o fato de que não haverá dinheiro vivo na operação, as ações da CCX dispararam. Em apenas quatro pregões, a cotação subiu 72,6%, passando de R$ 2,16 para R$ 3,73. Para analistas, a retirada da CCX do pregão indica que o empresário pretende evitar que eventuais problemas com o desempenho da divisão de carvão causem impacto nas demais companhias. “As empresas do grupo foram penalizadas pela não concretização das promessas da OGX”, afirmou Pedro Galdi, da corretora SLW. A CCX quase foi vendida ao fundo soberano de Abu Dhabi. Na Colômbia, os jornais locais dizem que o projeto tende a não sair do papel por problemas com tribos indígenas e a falta de licenças ambientais.