18/07/2012 - 21:00
Quem caminha no interior do data center mantido pela Alog na região de Tamboré, na Grande São Paulo, pode até pensar que o local abriga o cofre-forte de um banco. Afinal, não é em qualquer companhia que se encontram portas eletrônicas duplas, por onde só passa uma pessoa de cada vez. Para atravessar os espessos vidros à prova de bala, é necessário o registro biométrico das mãos. E essa é apenas uma das seis camadas de segurança que protegem os armários onde estão instalados computadores e servidores dos clientes da empresa, localizados estrategicamente no centro do prédio. “A segurança é um componente crucial em nossa área”, explica o vice-presidente Eduardo Carvalho.
Nova fase: segundo o vice-presidente Eduardo Carvalho, a Alog vai adotar a marca
de sua controladora, a gigante americana Equinix.
“Nossos clientes são justamente empresas que já tiveram algum problema ou que têm medo de ter.” Essa mesma preocupação com a segurança incentivou a Alog a partir para uma série de novos projetos, que receberão investimento total de R$ 120 milhões nos próximos anos. Um deles será a expansão da unidade de Tamboré. O mais importante, no entanto, é a construção de um novo data center – o quarto da empresa – em Del Castilho, bairro na zona norte do Rio de Janeiro. O novo centro deve entrar em operação em meados do ano que vem e segue os padrões de “tecnologia verde” adotados em Tamboré: sistemas e equipamentos que usam materiais ecológicos, consomem menos energia e jogam menos carbono na atmosfera. No total, a redução é de 70% no uso de água e de 10% no de eletricidade.
É assim que as empresas do segmento de data center ganham dinheiro: oferecendo espaço físico seguro, energia, refrigeração e acesso à Internet 24 horas por dia para os computadores dos clientes. No caso da Alog, são mais de 1.300 companhias incluindo bancos e processadoras de cartão de crédito. Movimento não tem faltado nesse mercado, que cresce a uma taxa próxima dos dois dígitos. “Hoje, o Brasil só cresce menos que a China”, diz Carvalho. Ele identifica uma mudança no perfil dos clientes como uma das responsáveis pelo aumento dos negócios. Antes, a clientela era formada em sua maior parte pelas empresas que integram o chamado universo digital. Atualmente, a base aumenta com a chegada de companhias de novos segmentos, inclusive indústrias tradicionais como a do petróleo.
A Alog foi criada em 2005 no Rio de Janeiro pelo próprio Carvalho ao lado de seu sócio Sidney Breyer, hoje presidente da companhia. Segundo Carvalho, na época o empreendimento era visto como arriscado. “Havia uma insegurança enorme sobre o modelo do data center ”, diz. Pois a empresa não só sobreviveu como deslanchou: o faturamento saltou de R$ 9 milhões, em 2005, para os R$ 150 milhões do ano passado. O crescimento chamou a atenção da gigante americana Equinix – maior empresa no setor no planeta, que recebe diariamente cerca de 80% do fluxo mundial da internet, em seus 96 data centers espalhados por 37 países. As negociações duraram alguns meses e, em fevereiro de 2011, a Alog foi comprada. O negócio, na faixa de US$ 126 milhões, previu a permanência dos fundadores no comando, em troca de 10% no capital.
O que mudou com a aquisição? Em primeiro lugar, mais dinheiro para novos investimentos, como o novo data center. Em segundo, um fluxo renovado de clientes externos, que já contratam o serviço da Equinix lá fora. “Eles buscam o mesmo padrão de atendimento para criar uma operação aqui no Brasil”, afirma Carvalho. Hoje, a maior parte da nova demanda vem de empresas estrangeiras. “A Copa do Mundo e a Olimpíada estão trazendo muita gente para o País”, diz. A integração chegou a um ponto irreversível: até 2014, a Alog vai mudar de marca, passando a responder unicamente por Equinix. Com isso, espera aumentar sua participação no mercado. “Queremos crescer 30% ao ano, acima da taxa de expansão do setor.”