05/10/2013 - 7:00
Desde que os virtuais candidatos à Presidência da República começaram a se movimentar, reunindo-se com empresários e expondo suas críticas e soluções ao governo da presidenta Dilma Rousseff, o clima de pré-eleição se instalou em Brasília. Depois que o PSB entregou os cargos que mantinha na Esplanada, ensaiando a candidatura de seu presidente nacional, o governador pernambucano, Eduardo Campos, para concorrer com Dilma em 2014, uma série de mudanças se apresenta no cenário político e envolve pastas com orçamentos de R$ 147 bilhões.
Assento cobiçado: a vaga da ministra Gleisi Hoffmann, na Casa Civil,
será aberta quando a petista for disputar o governo do Paraná
No dia 1º, por exemplo, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, aliado de Campos, desligou-se da pasta e foi sucedido interinamente pelo engenheiro cearense Francisco Teixeira, que ocupava o posto de secretário de Infraestrutura Hídrica. Bezerra deve se candidatar a governador em Pernambuco. Outra vaga aberta é a da Secretaria de Portos, que, na quinta-feira 3, deixou de ser de Leônidas Cristino e passou a ser ocupada interinamente pelo economista Antonio Henrique Pinheiro Silveira, atual secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda. Com as peças se movendo no tabuleiro de xadrez eleitoral, dez ministros que deveriam deixar seus cargos até a data-limite de 5 de abril para vestir o uniforme de candidatos podem antecipar sua saída.
Pelo menos cinco deles devem concorrer a governador. Entre eles Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, subirá no palanque do Paraná; Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, disputará em Minas Gerais; e Alexandre Padilha, da Saúde, em São Paulo. Gleisi já fez duas visitas estratégicas ao seu Estado, desde julho. Ambas para entregar máquinas do PAC2 a dezenas de municípios do interior, o que lhe rendeu acusações de antecipar a campanha por parte de seus adversários. No lugar de Gleisi, um dos nomes cotados a sucedê-la é o de Aloizio Mercadante, atualmente à frente da pasta da Educação. Mas Mercadante também é forte candidato a coordenador da campanha de reeleição de Dilma.
Outra alternativa, dada como certa por alguns petistas, seria deslocar a atual ministra do Planejamento, Miriam Belchior, para a Casa Civil. Nesse cenário, Miriam seria substituída por Paulo Bernardo, atual ministro das Comunicações, que, por sua vez, poderia ceder o posto ao senador Walter Pinheiro (PT-BA), especialista em telecomunicações. O desafio da presidenta Dilma aumenta à medida que se acirra a disputa pré-eleitoral. No dia 24 de setembro, o Tribunal Superior Eleitoral liberou a criação de dois novos partidos, o Pros, que abrigou os irmãos Cid e Ciro Gomes – atual governador e secretário da Saúde do Ceará –, saídos do PSB, e o Solidariedade, do sindicalista Paulinho da Silva.
Na semana passada, o TSE rejeitou a criação do partido Rede, pelo qual a ex-ministra do Meio Ambiente, do governo Lula, Marina Silva, iria concorrer. Agora, ela precisaria se acomodar em outra legenda para enfrentar Dilma em 2014. Seja como for, a presidenta precisará colocar em campo seu time reserva na Esplanada, de olho nas alianças para o ano que vem. “A tendência é entregar os cargos para técnicos interinos, até porque Dilma não quer constranger nenhum partido agora, indicando nomes de outra legenda”, avalia o cientista político Leonardo Barreto, de Brasília. Para ele, o jogo da reforma ministerial vai ser muito embolado no ano que vem, porque também uma parte dos partidos que hoje formam a base do governo federal não deve mais apoiar o PT nas próximas eleições.
É o caso de deputados do PDT que saíram para se filiar ao Solidariedade. O mesmo vale para alguns parlamentares que prometem deixar seus partidos para apoiar Marina. Atento à dança das cadeiras na Esplanada, o PMDB quer aproveitar o momento para ampliar sua presença no governo Dilma. A saída precoce do PSB da base aliada fez acelerar o desejo dos peemedebistas de retomar o comando da Integração Nacional – no governo do ex-presidente Lula, o cargo era do baiano Geddel Vieira Lima. A pasta conta com um orçamento de R$ 9,1 bilhões, dos quais R$ 5,7 bilhões para investimentos, e é responsável por obras importantes como a construção de açudes e projetos de irrigação no Semiárido nordestino, de grande apelo entre eleitores de municípios do interior, onde o PMDB tem muitos prefeitos e vereadores.