19/07/2013 - 21:00
Entre 3 dezembro de 2012 e 9 de janeiro de 2013, a consultoria Seja Trainee ouviu 380 jovens das regiões Sul, Sudeste e Nordeste, 84% dos quais (316) foram candidatos finalistas de processos seletivos de trainees em grandes empresas do País. A grande questão era: afinal, quem são eles? Segundo a pesquisa, 70% dos entrevistados estudaram em faculdades públicas, 95% falam inglês e 54% já fizeram algum tipo de trabalho voluntário. O que mais impressiona é que 25% dos jovens se inscreveram em mais de 20 programas de trainee diferentes. A procura por esse tipo de seleção é tão grande que fez surgir um mercado de cursos preparatórios, caso da própria Seja Trainee. “O que faltava no mercado é algo que ajude o candidato a mostrar o melhor de si nos processos seletivos”, diz Luís Abdalla, um dos sócios do Seja Trainee.
Abdalla e Piedade, donos da seja trainee, que prepara os recém-formados
“E isso não se consegue com dicas, mas fazendo com que cada participante entenda os seus diferenciais para usá-los a seu favor.” A empresa existe desde setembro de 2011 e nesse período contabilizou mais de 150 aprovados entre os alunos dos cursos. Há três planos, com preços de R$ 750 a R$ 2.500, que variam de acordo com a quantidade de testes, simulações de entrevistas e dinâmicas de grupo. “Muitas vezes, os jovens já chegam tecnicamente preparados, mas precisam ganhar mais confiança, até para saberem realmente o que querem”, diz Kleber Piedade, que também é sócio da Seja Trainee. O que eles querem mesmo é entrar em uma companhia de ponta como a Ambev, por exemplo, onde terão a oportunidade de ingressar no mundo corporativo e ainda conhecer os principais líderes da empresa.
De qualquer forma, o autoconhecimento é importante na hora de fazer escolhas. Para Mariana Scaramuzza Bressan, de 24 anos, isso foi fundamental. Após fazer o curso na Seja Trainee, ela chegou à etapa final de três processos de seleção de grandes empresas, mas acabou optando por trabalhar em uma consultoria, de porte bem menor, que atua na área de fusões e aquisições. “Tinha boas referências dos sócios e percebi que o meu perfil se encaixava ali”, diz Mariana. De acordo com Fernanda Thees, fundadora da Loite, consultoria que também orienta jovens para processos seletivos de grandes companhias, com esse tipo de ajuda os candidatos conseguem identificar e focar em empresas mais alinhadas com seu perfil enquanto se preparam.
Grupo de trainees da Ambev com Marcel Telles, um dos acionistas (de camisa rosa):
oportunidade de conhecer os principais líderes da empresa
“Não há um perfil específico procurado por todas as empresas, pois, até quando várias citam algumas características comuns como ‘habilidades de liderança’ e ‘trabalho em equipe’, essas mesmas características podem ser avaliadas de maneiras diferentes em empresas diferentes”, diz Fernanda. Nem todos concordam com esse tipo de preparação. “Não é necessário nem recomendável, seria como fazer um curso preparatório para encontrar um bom casamento”, diz Paulo Pagliaroni, diretor de Gente da Falconi, consultoria especializada em gestão. “É preciso que haja interação entre as duas partes, pois o objetivo do processo é buscar jovens que estejam alinhados à cultura e ao perfil da empresa.”
Para as empresas, tanto faz se o trainee fez algum curso preparatório ou não. Segundo Marcio Cassin, gerente de RH da cervejaria holandesa Heineken, o que importa é atender às expectativas da companhia. Nesse caso, das companhias. Numa iniciativa inédita, o programa de seleção é integrado entre a Heineken e a Mars Brasil, subsidiária de uma das maiores fabricantes de chocolate do mundo. Os dez escolhidos entre os quase 20 mil inscritos terão a oportunidade de conhecer duas culturas empresariais diferentes. “São oportunidades assim que os recém-formados não querem perder. E eles sabem que, quanto mais bem preparados, mais chances terão de chegar lá”, afirma Piedade.