13/04/2012 - 21:00
O espetáculo de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, no dia 27 de julho, está nas mãos de Danny Boyle, um dos mais consagrados cineastas britânicos, nos últimos anos, e diretor de “Quem Quer Ser um Milionário?”, vencedor do Oscar em 2009. Com duração de quatro horas e baseada na peça A tempestade, de William Shakespeare, a cerimônia está orçada em US$ 63 milhões. É dinheiro suficiente para Boyle produzir um filme em Hollywood. Mas, por mais ambicioso que seja, o espetáculo será apenas a ponta mais visível de uma enxurrada de eventos culturais que varrerão a capital inglesa. Durante 12 semanas, entre junho e setembro, acontecerá o Festival Londres 2012, uma olimpíada cultural com mais de mil eventos e uma audiência estimada em dez milhões de pessoas.
Arte cosmopolita: para acompanhar a Olimpíada, a obra completa de William Shakespeare
será encenada em 37 línguas, no Globe Theatre.
Custo desses jogos paralelos: US$ 150 milhões. A maior parte do valor será financiada pelas loterias inglesas – há também patrocínio da empresa de telefonia British Telecom e da petrolífera BP. A maratona cultural de Londres terá também a sua versão da Torre Eiffel. Chamada de ArcelorMittal Orbit, ela é uma obra de arte de 115 metros de altura, que será instalada no Parque Olímpico para que o visitante possa observar a paisagem londrina. Se perde em tamanho para o cartão-postal parisiense, ela não ficará nada a dever em ousadia.Desenhada pelo escultor indiano Anish Kapoor, a torre custará US$ 35 milhões, bancados principalmente pelo bilionário compatriota Lakshmi Mittal, controlador da siderúrgica ArcelorMittal. Ele ainda doará 1,4 mil toneladas de aço ao empreendimento.
Além da torre, os turistas terão a oportunidade de assistir a apresentações das 37 peças que compõem a obra teatral completa de Shakespeare. Elas serão encenadas no Globe Theatre, às margens do rio Tâmisa, que foi reconstruído observando-se as características originais do teatro onde o bardo apresentava suas peças, no século 17. Detalhe importante: os textos serão montados em 37 línguas diferentes. Aos interessados, será a oportunidade para ver Hamlet em lituano ou A comédia dos erros em dari, interpretada por uma companhia do Afeganistão. O Brasil participará com uma versão musical de Romeu e Julieta, montada pelos mineiros do Grupo Galpão.
À direita, projeto de torre de US$ 35 milhões financiada pelo magnata indiano Lakshmi Mittal.
Também as coreografias da alemã Pina Bausch (fotos à esq.) serão apresentadas.
Esse perfil cosmopolita é uma das principais características do superevento londrino. Ao contrário de Pequim, que utilizou a Olimpíada de 2008 para mostrar o novo poderio econômico chinês, Londres quer se afirmar como a capital multicultural do mundo. Apesar de priorizar artistas ingleses, haverá nomes de diversas partes do mundo. A coreógrafa alemã Pina Bausch, morta em 2009, será homenageada com uma retrospectiva de suas obras. Artistas plásticos consagrados de vários países criaram pôsteres e obras que serão instalados nos pontos de ônibus. Um evento de poesia receberá 205 escritores, um de cada nação afiliada ao Comitê Olímpico Internacional. O pintor inglês David Hockney e o alemão Lucian Freud terão exposições de suas carreiras.