A proposta era tentadora: 100% de rentabilidade dos Certificados de Depósito Interfinanceiro (CDI) mais prêmios. Pena que não fosse verdade. Foi uma arapuca montada pela Dinero Consultoria, falsa empresa financeira que está sendo investigada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A Dinero parou de funcionar após o feriado de 7 de Setembro. Seus sócios, Wagner de Aguiar Moraes e Wanderley Dias Bertolucci, informaram os investidores que tudo estaria normalizado na terça-feira 14, o que não ocorreu. DINHEIRO procurou entrar em contato com a empresa, mas ninguém atendeu o telefone. 

 

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A Dinero é uma das diversas fraudes descobertas nos últimos meses. Seu perfil lembra o da Agente BR, casa de câmbio que criou irregularmente clubes de investimento. Seu proprietário, Túlio Vinícius Vertullo, foi multado em R$ 3 milhões pela CVM. O ambiente está favorável aos amigos do alheio. “Os oportunistas aparecem em momentos de muita liquidez e diversificação da poupança”, diz Marcello Klug Vieira, do Salusse Marangoni Advogados.

 

Quem quiser evitar perder a carteira tem de tomar alguns cuidados. O principal é desconfiar de rentabilidades milagrosas. Ganho inacreditável significa fraude ou riscos subestimados. “Os espertalhões contam com o desconhecimento e com a ganância de quem investe”, diz José Luis Doles, sócio do Barcellos e Tucunduva Advogados.

 

Outro cuidado é verificar se os administradores são reconhecidos pelas autoridades. Moraes e Bertolucci são velhos conhecidos da CVM. Eles foram advertidos pela autarquia em abril de 2009 pela venda irregular de cotas de um clube de investimento, o AXT, que foi desativado. A advertência está na página da CVM na internet. Finalmente, nunca tome decisões baseadas nas dicas de amigos. 

 

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Um especialista com conhecimento básico de mercado teria feito uma verificação prévia para saber se a Dinero, a AXT ou a Agente BR poderiam oferecer os produtos que estavam vendendo, e alertar o investidor para as irregularidades. Sem  esses cuidados, o prejuízo é quase certo. “É difícil recuperar o dinheiro aplicado nesses esquemas, pois os recursos normalmente são desviados para outras finalidades”, afirma Vieira.