O sabor da bebida, seja refrigerante, suco ou cerveja, fica melhor em embalagens de vidro, de alumínio ou em garrafas pet? Tal questionamento é recorrente em qualquer cozinha que se preze ou mesmo em uma mesa de bar. No entanto, o vidro, na maioria das vezes, sai na frente nessa disputa. “Na minha casa não entra nenhuma garrafa plástica ou lata”, afirma Edson Rossi, presidente da Vidroporto. A preferência se justifica. Embora se posicione como uma empresa de porte médio, pelos critérios do ranking AS MELHORES DO MIDDLE MARKETING, publicado anualmente pela DINHEIRO, Rossi comanda a terceira maior fabricante de embalagens de vidro do País, com faturamento de R$ 170 milhões no ano passado.

Desde 2004 na companhia, o executivo é um dos responsáveis pela reestruturação da empresa na última década, que consumiu milhões de reais. Há dez anos, a Vidroporto não tinha muito o que comemorar. Seu faturamento não ultrapassava os R$ 25 milhões e a sua participação no mercado era de 2%. “Tínhamos duas opções, crescer ou morrer”, afirma Rossi. A preocupação fazia sentido. A fabricante brasileira disputa o mercado de embalagens com a gigante americana Owens-Illinois e a Verallia, controlada pela multinacional francesa Saint-Gobain. A partir de 2005, a empresa fez uma série de investimentos, que resultou em um crescimento de 500% em oito anos.

O maior deles, porém, foi concluído no fim do ano passado. A Vidroporto desembolsou R$ 240 milhões na construção de uma nova fábrica no complexo industrial de Porto Ferreira, no interior paulista. Com a obra, que ampliou a capacidade de produção da companhia para 200 mil toneladas anuais, um aumento de 150%, Rossi prevê um faturamento de R$ 350 milhões em 2015. Apesar das estimativas positivas e o atual potencial de atender 17% do mercado nacional, a Vidroporto se prepara para um 2015 complicado. Mesmo com R$ 40 milhões separados para novos investimentos, a empresa terá um grande desafio com a alta do dólar.

A importação da barrilha, uma das matérias-primas utilizadas na produção, ficou mais cara, o que significa margens menores. “Em razão do aumento de impostos, as empresas de bebidas estão brigando conosco para não ficar no prejuízo”, diz. Além disso, a participação das latas no setor cervejeiro, principal cliente da Vidroporto, nunca foi tão grande. Segundo dados do Sistema de Controles de Bebidas da Receita Federal, as latinhas representam 48,6% do total da produção de cerveja atualmente. Em 2010, a fatia era de 36,3%. “O vidro ainda tem o aspecto de material mais nobre”, diz Lucien Belmont, da associação do setor, Abividro.