Enquanto a Seleção Brasileira de Futebol vai viajar pelo Brasil em um avião da Gol Linhas Aéreas, personalizado pelos grafiteiros OsGemeos, os passageiros vindos de outros países para assistir à Copa do Mundo, como executivos, autoridades e chefes de Estado devem aterrissar no Brasil, em junho, em seus aviões particulares ou fretados. A expectativa é de que 3 mil aeronaves particulares pousem nos aeroportos do País. Para as companhias que trabalham com serviços de táxi aéreo, receptivo, de manutenção e serviços em solo, a chegada dos visitantes é aguardada com ansiedade.

“Estamos há dois anos nos preparando para a demanda que a Copa vai gerar”, afirma Júnia Hermont Corrêa, diretora superintendente da Líder Aviação, com sede em Belo Horizonte. Não é para menos. O setor espera que a demanda por negócios nesse segmento cresça até 70% para as companhias, lembra o diretor-geral da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), Ricardo Nogueira. “Não teremos uma demanda tão grande quanto a que houve na Copa da Alemanha, mas acho que pelo menos vamos ficar no mesmo patamar da África do Sul”, diz Nogueira. Mas ainda há dúvidas se esse aumento irá acontecer. Para a Líder, maior empresa do setor, com faturamento de R$ 1 bilhão, a meta é dobrar as vendas de serviços de fretamento e atendimento aeroportuário na comparação com meses normais.

“Estamos em todas as cidades que haverá jogos da Copa, o que nos dá uma vantagem nesse mercado”, diz Júnia. Nos cálculos da companhia, se o objetivo for cumprido, as receitas deverão crescer pelo menos 10% neste ano. “Vários contratos fechados são de clientes que já atendemos”, afirma a superintendente. “Temos 80% do mercado de atendimento a aeronaves estrangeiras.” A preparação exigiu um forte planejamento da empresa. Todos os 15 aviões disponíveis para fretamento passaram por uma revitalização. Além disso, também foi feita uma preparação especial para a equipe de atendimento em solo, que operará 24 horas.

No entanto, a Líder quer mais. Para trazer novos clientes, a companhia fechou uma parceria com a NetJets, empresa de fretamento e propriedade compartilhada de aeronaves executivas, do bilionário americano Warren Buffet. Pelo acordo, os aviões da Líder vão transportar os clientes da NetJets. Na TAM Aviação Executiva, que faturou R$ 140 milhões no ano passado, a ideia é que o grande filão de negócios será a prestação de serviços aeroportuários e apoio às aeronaves estrangeiras. De acordo com o diretor comercial Leonardo Fiuza, o serviço de atendimento deve crescer 50% no período, com maior movimento durante os jogos da competição. “O movimento deve se espalhar pelo País e não ficar concentrado apenas no Sudeste”, diz o Fiúza, para quem a demanda deve acompanhar principalmente os jogos da seleção brasileira por todo o País.

Mesmo assim, ele não se arrisca a cravar um palpite sobre o impacto da Copa do Mundo nos resultados da companhia. “Preferimos esperar para ver o que vai acontecer”, diz. A visão conservadora de Fiuza se justifica pelas inúmeras imposições e regras impostas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O número de slots, ou seja, de pousos e decolagens, ficou bastante restrito para a aviação executiva, já que a preferência nos aeroportos foi dada às companhias de voos comerciais. “Foi definido que 80% seriam da aviação regular, 10% para vips da Fifa e somente 10% para os demais clientes da aviação comercial”, afirma Nogueira.

Para ele, isso explica porque 19 das 32 seleções estão dando preferência por viagens em aviões comerciais, em vez de executivos. “Está muito difícil conseguir bons horários.” Para contornar a escassez de slots para a aviação executiva, Júnia, a superintendente da Líder, espera que a agência faça mais uma distribuição de horários para pousos e decolagens. “Quem deixar para vir ao País ou contratar o serviço de táxi aéreo em cima da hora, pode não encontrar slots disponíveis”, afirma. Até o momento, porém, a Anac não deu nenhum sinal de que poderia abrir mais espaço para voos. Na verdade, o órgão regulador endureceu as regras e definiu multas para as companhias que não respeitarem os slots. “Para as líderes, o movimento da Copa vai ser bom”, diz Nogueira.