12/08/2022 - 4:20
Eles normalmente ficam ao lado dos caixas em supermercados ou redes de varejo, ocupam pouco espaço e deixam diversas empresas e serviços a um passo de distância. Os cartões presente são opção de pagamento há um tempo, mas é recente sua popularização e crescimento acelerado. Em 2021, a Blackhawk Network, empresa com 70% do market share, transacionou R$ 2 bilhões com os cartões no Brasil e o crescimento deve ser acelerado – em 2024 a expectativa é chegar a R$ 7 bilhões. Se aproveitando da digitalização do comércio e dos meios de pagamento, da desbancarização e da necessidade de controle de gastos, a empresa americana prospera no segmento nacional.
As motivaçoes para o uso do cartão são diversos, como praticidade e a certeza na escolha do presente. Mas grande parte do público, ao contrário do que o nome sugere, adquire para uso pessoal, motivado pela acessibilidade. De acordo com a country manager da Blackhawk Network no Brasil, Fernanda Carbonari, com muitos serviços exigindo cartões de crédito, o cartão presente se torna forma de inclusão. “Por mais que a gente tenha avançado demais no Brasil em digitalização das pessoas, elas ainda estão excluídas dos serviços financeiros principais”, afirmou. Além disso, o controle parental sobre os gastos dos filhos e a educação financeira favorecem a utilização pessoal da solução. Servindo a diversos usos e plataformas, esses cartões conseguem atingir todas as faixas da população, das classes mais altas às mais baixas, mudando apenas o perfil e destinação do uso.
CAPILARIDADE Já para as empresas, a utilização do cartão presente contempla estratégias que vão da tangibilidade da marca, para aquelas nativamente digitais, passando pela fidelização e expansão da capilaridade de cobertura. “Estamos criando diferentes cases em que as marcas possam estar em canais ou clientes que elas não estariam e consigam gerar recorrência ou receita adicional”, disse Fernanda. Com isso, a Blackhawk Network possui em seu portfólio nacional 65 clientes, que passam por Americanas, Cacau Show, GloboPlay, iFood, Magazine Luiza e Netflix, e está presente em mais de 6 mil pontos de venda, da pequena loja ao grande varejo.
Uma tendência que se acentuou com a pandemia foi o cartão presente digital. Em 2019, 5% dos cartões estavam nessa categoria. Hoje, chegam a 65%. Esse aumento é justificado pela própria transformação do varejo, pelo crescimento do e-commerce e por novos serviços digitais, sejam jogos ou streaming. Essa característica é um dos diferenciais desse setor no Brasil, enquanto nos Estados Unidos, onde está o principal mercado da empresa, a solução ainda caminha para essa direção. A diferença, na visão de Fernanda, se dá pela prevalência de marcas nacionais, relevância do varejo físico e um perfil de consumo mais conservador nos EUA, enquanto no Brasil “fomos early adopters na tecnologia e temos marcas mais digitais”. Segundo ela, “a gente vem ditando tendências”.
Os planos da Blackhawk Network Brasil não são modestos. Rumo a transformar os cartões na principal escolha de presentes, espera aumentar em 250% o valor transacionado em três anos (2021 a 2024). Para isso, se sustenta nas novas indústrias que nascem em tempos digitais (como os streamings), na abertura de novos canais de venda e distribuição (com destaque para as lojas digitais de bancos) e a mudança na jornada de compra do consumidor, cada vez mais multicanal. Ela afirma que o consumidor chegou antes das marcas e do varejo na digitalização. “E hoje está todo mundo correndo para chegar no consumidor onde ele quer. Nós somos um mercado ávido. O consumidor está lá, é só chegar nele.”