Pouco mais de 8.100 quilômetros separam as bolsas de São Paulo e de Toronto, no Canadá. Mas quanto se trata de atrair empresas menores para o mercado de capitais, a distância entre as duas metrópoles é estelar. A BM&FBovespa, que possui o programa de acesso Bovespa Mais, ainda está a anos-luz da Bolsa de Toronto. Aqui, o Bovespa Mais funciona como uma vitrine para as companhias se tornarem mais conhecidas e, em seguida, realizarem a sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). Porém, somente três empresas estimuladas conseguiram ir a mercado, como Senior Solution, Nutriplant e Biomm.

Já no Canadá, as pequenas florescem como nunca. O Capital Pool Company (CPC), programa que tem duas mil participantes, não só dá visibilidade para as integrantes, como as apóia financeiramente. Por meio de uma parceria entre bancos, investidores e sócios das empresas, são captados ao redor de R$ 12 milhões para investimento em cada candidata à listagem no segmento de acesso, chamado TSX Venture Exchange. Além disso, é criado um comitê de diretores independentes para incrementar a governança corporativa e preparar cada uma delas para o IPO, que é realizado após dois anos de maturação do projeto.

O resultado desse investimento é que algumas dessas pequenas e médias conseguem crescer. Hoje, 20% das 500 maiores companhias abertas do Canadá passaram pelo programa de incentivo. Porém, isso não aconteceu da noite para o dia. Segundo Robert Peterman, diretor de desenvolvimento de negócios globais da Toronto Stock Exchange e da TSX Venture Exchange, foi criado um ecossistema favorável a partir do interesse dos bancos de investimento e dos investidores.

Embora a BM&FBovespa promova esse mercado, o cenário ainda é diferente no Brasil: são poucos os que incentivam o crescimento das companhias de menor porte, ainda mais em um cenário de crise econômica. O dinheiro disponível para IPO acaba se concentrando nas grandes empresas que vêm a mercado para captar recursos. Entre as companhias que mais acessam o mercado de capitais por meio do CPC, no Canadá, estão pequenas mineradoras, fabricantes do segmento de ciência e tecnologia e construtoras. “Temos um modelo único no mundo, que tem dado muito certo”, diz Peterman. O executivo veio ao Brasil a convite da BM&FBovespa.