Uma busca rápida no site ReclameAqui indica que existem 80 reclamações de consumidores contra a Harley-Davidson (H-D). Nenhuma delas, é bom que se diga, coloca em dúvida a qualidade de uma grife que se tornou um ícone do setor de duas rodas, imortalizada pelos atores Peter Fonda e Dennis Hopper no filme Sem destino (Easy Rider), de 1969. As críticas são dirigidas à política comercial e de pós-venda adotada pelo Grupo Izzo – a empresa que representou a marca no Brasil nos últimos 18 anos.  Os americanos acusavam o Izzo de quebra do contrato de exclusividade, ao comercializar outras marcas de motos em suas lojas.

 

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De quatro para duas rodas: Morawski, novo dirigente da Harley-Davidson do Brasil,

fez carreira na General Motors e na Toyota 

 

De agora em diante, os negócios da H-D serão pilotados pelo executivo brasileiro Longino Morawski, que assume na terça-feira 15 o cargo de diretor-superintendente. O executivo será o responsável por definir as estratégias de preço e quais modelos serão fabricados e vendidos no Brasil. 

 

Morawski tem longa experiência na área de vendas e marketing, adquirida em passagens pela Toyota e General Motors no País. Seu maior desafio será reconstruir a rede de revendas, que chegou a somar 11 unidades e ficou reduzida a zero com o afastamento do Grupo Izzo. 

 

Sob o comando da matriz americana, já foram nomeados representantes em São Paulo e Belo Horizonte. Até dezembro deverão ser abertas mais cinco lojas no eixo Sudeste-Sul. 

 

Apesar dos problemas com a marca, Paulo Izzo, controlador do Grupo Izzo, conseguiu feitos expressivos no universo H-D. Um deles foi a inédita autorização para recriar uma Sportster, que ganhou a versão radical assinada pelo estúdio brasileiro TM Concept. 

 

O crescimento das vendas, na faixa dos três dígitos a cada ano, fez com que a H-D abrisse uma fábrica em Manaus, em 1999. Esse casamento, que chegou ao fim de forma litigiosa em 2010, foi devidamente anulado no final do mês passado. Procuradas, as duas empresas não quiseram conceder entrevista à DINHEIRO.

 

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O acordo que pôs fim à briga entre o Grupo Izzo e a matriz da H-D, segundo pessoas familiarizadas com o processo, se revelou positivo para as duas partes. Izzo escapou de ter de pagar uma multa de R$ 5 milhões, por causa da quebra de contrato, e a H-D encerrou uma batalha que poderia levar até dez anos, caso o empresário brasileiro decidisse recorrer. 

 

O imbróglio, no entanto, não chegou a comprometer a força da marca. “A Harley-Davidson continua sendo uma marca de prestígio por aqui”, diz o consultor Jaime Nazário, piloto profissional e criador do portal Sobremotos.