08/02/2012 - 21:00
Os torcedores palmeirenses podem ficar despreocupados, pelo menos no que depender de Akira Harashima. Não, não se trata de um “camarão”, definição do treinador Luiz Felipe Scolari aos reforços de primeira linha necessários para fazer deslanchar o ataque da Sociedade Esportiva Palmeiras, nem de um patrocinador esportivo milionário. Presidente da filial brasileira da seguradora japonesa Tokio Marine, Harashima é o responsável pela apólice de seguros que protege as obras da Arena Palestra, estádio que vai substituir o histórico Palestra Itália, na zona oeste de São Paulo. A Tokio Marine garante a cobertura contra erros de projeto, riscos do material e outros problemas que venham a ocorrer durante a construção.
Entrando em campo – Harashima no canteiro de obras da Arena Palestra: grandes riscos
já representam 37% do faturamento.
A cobertura de grandes obras será estendida também para o Beira Rio, do Internacional de Porto Alegre. No entanto, esses seguros não se restringem à área esportiva. No radar do executivo estão empreendimentos como a usina hidrelétrica Teles Pires, na divisa entre os Estados de Mato Grosso e Pará. “Temos excelentes expectativas para os seguros de grandes obras”, diz Harashima. “Com eles, vamos buscar nosso diferencial no mercado e duplicar nosso faturamento até 2016.” Segundo ele, a aposta em seguros para grandes obras, que já representam cerca de 37% das receitas da seguradora, é a maneira mais eficaz de avançar no mercado brasileiro sem contar com uma rede de distribuição atrelada a um banco.
No Brasil há cerca de 60 anos, a Tokio Marine fez seu investimento mais pesado em 2005, quando comprou a metade do capital da seguradora do Banco ABN Amro, em cuja rede de agências passou a distribuir seus produtos. Quando o banco holandês foi adquirido pelo Santander, em 2009, os espanhóis exerceram uma opção de compra da metade do capital que pertencia aos japoneses, privando a Tokio Marine de sua principal vantagem no mercado de varejo. O resultado, porém, foi tão bom que a ordem da matriz foi reinvestir no Brasil os R$ 678 milhões obtidos com a venda da fatia na seguradora. Não podendo mais contar com uma rede exclusiva, e tendo de contar com o trabalho de formiguinha dos corretores, a Tokio Marine voltou-se para o mercado corporativo.
Segundo Harashima, a carteira de grandes riscos cresceu 17% em 2011, gerando prêmios de R$ 42 milhões, e a meta é ser a maior das independentes nesse segmento. “Ocupamos a quinta posição nessa carteira”, diz ele. Para quem conhece o mercado, essa é uma das melhores estratégias para quem não conta com uma rede de distribuição. Cada vez mais, a venda dos seguros mais básicos e populares, como os automotivos e os seguros de vida, depende de uma distribuição eficiente. Basta perguntar para Marco Antonio Rossi, presidente da seguradora Bradesco. Ao divulgar os resultados da empresa, na terça-feira 31, Rossi disse que a expansão da rede do bancão de Osasco vai turbinar as vendas.
“Quanto mais agências, mais clientes podemos atender”, disse Rossi ao comentar os resultados. No caso da Tokio Marine, a ordem é aproveitar os relacionamentos já existentes, como, por exemplo, com as fabricantes de bens duráveis. “Vamos lançar um seguro do tipo garantia estendida ainda no primeiro semestre”, diz Harashima. Em relação aos seguros automotivos, a estratégia é aproveitar a proximidade com as montadoras japonesas e oferecer produtos específicos para os veículos produzidos aqui. Com essas iniciativas, Harashima espera duplicar, nos próximos quatro anos, o faturamento de R$ 1,65 bilhão obtido em 2011. “O Brasil é nossa maior operação fora do Japão e é onde temos as melhores perspectivas de crescimento.”