03/08/2016 - 19:00
A Organização das Nações Unidas estima que haverá a necessidade de encontrar espaço para um número impressionante de 2,5 bilhões de pessoas a mais que irão morar em espaços urbanos até a metade deste século. Diante disso, é necessário pensar como devem ser construídas as cidades inteligentes, que preconizam que todos os cidadãos poderão levar um estilo de vida sustentável e saudável. De acordo com o Conselho de Cidades Inteligentes (Smart Cities Council), um grupo que congrega empresas de vários segmentos, um município desse tipo é aquele que “utiliza a tecnologia de informação e de comunicação para melhorar suas condições de vida, de trabalho e de sustentabilidade”.
Poucos fora da Índia devem ter notado quando o estado de Maharashtra, onde está localizada Mumbai, comprometeu-se a instalar iluminação de LED em todas as ruas. Essas lâmpadas conseguem diminuir o custo da eletricidade em até 80% e reduzem drasticamente as emissões de CO2. Menos pessoas ainda consideraram tal iniciativa um exemplo de investimento em uma cidade inteligente, um termo que é mais frequentemente associado aos projetos de alta tecnologia, sustentáveis, novos e reluzentes, tais como a coleta de resíduos pneumáticos ou uso de veículos sem motorista.
No entanto, a iniciativa indiana é um exemplo perfeito da mentalidade inteligente que está surgindo como resposta às preocupações a respeito das emissões de gases de efeito estufa, recursos energéticos finitos e a rápida urbanização, fatores esses que estão levando à saturação da infraestrutura existente. Outro item que já faz parte do nosso dia a dia e que é um grande beneficiário da tecnologia inteligente é o setor de transportes. As máquinas de autoatendimento para venda de bilhetes de ônibus, trens e metrô e para recarregamento de cartões oferecem grande agilidade para os usuários.
Em muitos países é possível informar-se sobre o horário de chegada do próximo trem ou ônibus por meio de placas nas estações ou aplicativos no smartphone. Além disso, os estacionamentos indicam aos motoristas onde há vagas, ao passo que sistemas avançados de controle de tráfego logo serão capazes de identificar qual parte das vias públicas está congestionada e mudar o tempo dos semáforos, de modo a agilizar o fluxo de veículos em mãos congestionadas. Entretanto, é importante destacar que as cidades inteligentes não conseguirão prosperar sem que haja conectividade em todos os lugares, na forma de banda larga abrangente, de alta velocidade, fixa e sem fio e acessível a todas as empresas, instituições e pessoas em todos os tipos de dispositivos.
Qualquer novo investimento em infraestrutura, seja em prédios, seja em serviços públicos de água, luz, gás e esgoto ou transporte deve considerar o uso mais moderno dos recursos tecnológicos para reduzir a utilização de energia e aumentar a segurança, a produtividade e a conveniência. Em que pese ser um fator impulsionador, a tecnologia sozinha não faz uma cidade ser inteligente. Uma abordagem holística e inclusiva é essencial para assegurar que as novas ideias sejam planejadas centralmente e beneficiem todos os residentes e trabalhadores.
Não adianta, por exemplo, haver um sistema sofisticado de disposição das águas de esgoto, se grande parte da população mora em localidades sem acesso a serviços básicos. E até mesmo as soluções mais engenhosas de tráfego de rua não funcionarão sem um investimento significativo em ciclovias e vias expressas. Um passo fundamental para construir uma cidade inteligente é ter a visão correta. Leis mais duras sobre a eficiência energética, despoluição e reciclagem podem dar resultados, mas devem ser aplicadas com cautela, para evitar restrições à inovação e a imposição de encargos financeiros exagerados às empresas que empregam os moradores da cidade.
A segurança de TI é outra preocupação, pois grandes quantidades de informações pessoais são inseridas nas bases de dados municipais e privadas, tornando-as mais vulneráveis a ataques cibernéticos. As cidades precisam atingir um ponto de equilíbrio entre controle (regulação) e inovação, em que ambos possam coexistir. Resumindo, a tecnologia é um ingrediente importante de uma cidade inteligente, mas contribuições proporcionais de liderança e visão serão a receita correta para o sucesso.