09/04/2015 - 18:00
Os cartazes que lembram os cubanos dos feitos da revolução socialista estão prestes a ceder espaços para anúncios de produtos e serviços. A reaproximação política de Cuba com os Estados Unidos e as perspectivas de mudança na economia estão atraindo empresas interessadas em um mercado interno estimado em US$ 30 bilhões. Entre elas, está a companhia carioca Capemisa, primeira empresa de seguros e previdência brasileira autorizada pelo governo de Havana a vender seguros-viagem. Com receitas de R$ 476 milhões no Brasil, a Capemisa espera faturar US$ 100 milhões nos próximos cinco anos, na ilha caribenha.
O estudo de viabilidade e o pedido de autorização para desembarcar em Cuba começaram bem antes de Raul Castro e Barack Obama selarem uma trégua, em setembro passado. A maratona da Capemisa começou em março de 2013, e inclui muita burocracia e a estruturação de uma rede de atendimento com 360 unidades, entre postos de saúde e hospitais. “O processo demorou porque precisávamos conhecer os estabelecimentos que seriam nossos parceiros”, diz José Augusto Tatagiba, presidente da Capemisa.
A decisão de expandir as operações para Cuba não foi ao acaso: o destino é estratégico porque, até o momento, não há outra seguradora latino-americana ali e os turistas contam apenas com companhias australianas. Segundo Emilio Morales, presidente da consultoria The Havana Consulting, 630 mil americanos visitaram Cuba em 2014. O volume pode chegar a 800 mil neste ano e deve alcançar 1 milhão em 2016.
Os seguros de viagem são só o começo. A Capemisa já está de olho em outros nichos de mercado. “Estamos desenvolvendo seguros para funcionários de empresas brasileiras que operam no país”, diz Tatagiba. O escritório em Havana será comandado por José Américo Valadão. Atualmente, há cerca de 300 empresas brasileiras em Cuba, de gigantes como Odebrecht e Souza Cruz até a rede de materiais para construção Tend Tudo. Elas operam nos setores mais atrativos para negócios locais: comércio, turismo e infraestrutura.