O Twitter da francesa Christine Lagarde, ministra da Economia da França, não escondeu do mundo sua satisfação ao vencer o mexicano Agustín Carstens na corrida pela direção-geral do Fundo Monetário Internacional: “Chers Amis, c’est un honneur et une joie de vous annoncer que le conseil d’administration du FMI vient de me désigner directrice générale!” A mensagem, postada na terça-feira 28, 45 dias depois da prisão do ex-número 1 do Fundo, Dominique Strauss-Kahn, por suposto ataque sexual contra uma camareira de hotel em Nova York, foi a última da economista francesa no microblog. Nos dias seguintes, ela já estava imersa na complexa matemática do novo pacote de ajuda à Grécia. 

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Com a vitória, Christine ganhou também um cavalo de Troia. Dentro dele, a bancarrota do país helênico, que consumirá um segundo pacote de até 120 bilhões de euros do FMI e da União Europeia, que é apenas a ponta do iceberg da pior crise que assola o bloco europeu desde a sua criação, em 1992. É essa bomba-relógio que Christine terá que ajudar a desmontar, para evitar o contágio da Grécia para outras economias. Sua eleição deixa claro que o FMI confia mais na capacidade de um europeu para lidar com os problemas do continente em função do euro, a moeda única, que os gregos adotaram há menos de uma década. 

 

O Brasil, cujo peso no FMI é de menos de 3%, só decidiu seu voto, oficialmente, na segunda-feira 27, um dia antes da eleição de Christine. Mas, na prática, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já preferia Christine ao mexicano Agustín Carstens desde o início da disputa. O governo brasileiro sempre defendeu que o próximo diretor-geral do FMI fosse um não europeu, para pôr fim à regra vigente desde a criação da instituição em 1948. 

 

Mas decidiu manter o apoio a Christine, desde que ela se comprometesse a manter as reformas. “Estamos dando um voto de confiança de que não será uma diretora europeia para resolver problemas europeus”, disse à DINHEIRO o economista Paulo Nogueira Batista, diretor-executivo do Brasil, e mais oito países, no FMI.  

 

 

 

Strauss-Kahn foi vítima de uma grande armação?

 

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Dominique Strauss-Kahn, de fato, transou com a camareira em Nova York. Agora, porém, a polícia afirma que a funcionária do hotel pode ter recebido dinheiro para acusá-lo de estupro. Numa ligação gravada, ela conversou sobre isso com um traficante preso. Também recebeu US$ 100 mil do criminoso nos últimos dois anos. Se a armação for comprovada, Strauss-Kahn – libertado na sexta-feira 10 – volta com força total para disputar as eleições presidenciais na França.