06/12/2013 - 21:00
Ainda nas categorias de base, os futuros jogadores são divididos de acordo com suas habilidades. Enquanto uns se mostram mais aptos a evitar gols, outros têm a tarefa de colocar a bola na rede. No mercado financeiro não é muito diferente. Assim como os goleiros e zagueiros, os investidores conhecidos como conservadores preferem ter uma carteira com ativos defensivos. Já os atacantes são mais agressivos no jogo tático, enquanto os meio-campistas – ou moderados – usam um pouco das duas estratégias. Se em time que está ganhando não se mexe, qual é a melhor estratégia para 2014? DINHEIRO ouviu especialistas que garantem que, no ano que vem, o campeonato será tão difícil quanto em 2013. Portanto, a palavra de ordem é diversificação.
Katmandu, Nepal: o time feminino do Nepal marcou 17 gols, sem sofrer nenhum,
nos seus três últimos jogos
Investidor conservador
O principal objetivo do investidor conservador é preservar seu capital. Por isso, ele prefere ter ativos que impliquem riscos menores, mas que acabam sendo menos rentáveis. Se até há pouco aplicar em fundos de renda fixa era quase sinônimo de ganho certo, em 2013 o investidor viu que não é bem assim. Por essa razão, Marcos Botto, diretor da gestora Queluz, recomenda que o investidor aplique 95% dos recursos em fundos referenciados DI, cuja rentabilidade foi de 8,03% nos 12 meses até 28 de novembro, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima).
Rogério Lot, diretor do private bank do Banco do Brasil: ”Cabe também
ter Letra de Crédito Agrícola e 5% em renda variável”
No mesmo período, a captação líquida atingiu R$ 10,5 bilhões. O restante dos recursos deve ser aplicado em fundos cambiais, que subiram em média 12,59% em 12 meses, na tentativa de aproveitar a oscilação do dólar. Outra tática para evitar um contra-ataque da moeda americana é apostar nos fundos multimercados, do tipo juros e moedas, que subiram 5,22% nesse período. Rogério Lot, diretor do private bank do Banco do Brasil, acredita que os Certificados de Depósito Bancário (CDB) devem predominar na carteira do investidor. “Cabe também ter Letra de Crédito Agrícola (LCA) e até uns 5% de renda variável.”
Investidor moderado
De olho na rentabilidade, mas sem arriscar seu patrimônio, o investidor moderado aceita correr mais riscos do que o conservador, mas não tanto quanto um arrojado. Segundo Augusto Miranda, diretor de gestão de patrimônio do HSBC, aqueles que possuem esse perfil, em 2014, devem dedicar a maior parcela da carteira de investimentos a fundos referenciados DI e a crédito privado. “Em algum momento, vamos assistir ao aumento da rentabilidade dos títulos de crédito privado que atualmente pagam abaixo do que deveriam.” Sérgio Goldman, sócio da gestora de patrimônio paulista Maximizar, concorda.
Augusto Miranda, diretor de gestão do HSBC: ”Vamos assistir
ao aumento da rentabi-lidade dos títulos de crédito privado”
“Papéis de crédito privado de duração não muito longa, como dois a cinco anos, são uma boa opção para investidores moderados”, diz. Segundo dados da Anbima, os fundos de crédito livre acumularam rentabilidade de 7,78%, em 12 meses, até 28 de novembro, e registraram patrimônio líquido de R$ 54,21 bilhões. “Além disso, indicaria algo em torno de 18% em fundos multimercado e uns 13% em ações, em especial small caps”, afirma Miranda. Para Botto, da Queluz, a exposição à renda variável pode ser obtida também por meio de fundos. O especialista indica algo como 10% em fundos de ações e 5% em fundos com papéis bons pagadores de dividendos.
Investidor agressivo
O investidor arrojado não quer perder tempo. Procura retornos rápidos e encorpados na hora de investir. Sabe, no entanto, que pode sofrer oscilações bruscas ao ter em mãos ativos de maior risco. Segundo Marcos Botto, da Queluz, esse atacante das finanças deve aplicar 10% em fundos referenciados DI, 30% em fundos cambiais, 20% em multimercados sem exposição à renda variável, 25% em multimercados com ações, 10% em fundos de dividendos e 5% em bolsa. “A exposição a fundos cambiais se deve à oscilação esperada para o ano que vem no dólar.” Lot, do BB, indica que 15% a 20% da carteira deve ser dedicada à renda variável. “Também podem ter uma parcela de BDR, que são recibos de empresas estrangeiras negociados como ações brasileiras.” Sérgio Goldman, da Maximizar, acrescenta que investimento em imóveis também pode ser uma opção para os mais arrojados. “Desde o fim do ano passado, a política de preços dos imóveis deixou de ser clara e houve ativos que até sofreram perdas momentâneas de valor.” Por isso, pode ser uma boa chance de entrar nesse mercado.