Tanto discurso para nada. Já começa perdida, para os países emergentes, a corrida para a presidência do Banco Mundial (Bird). A largada foi dada na sexta-feira 23 com a indicação oficial do candidato dos Estados Unidos, Jim Yong Kim, um médico sul-coreano-americano de 52 anos que dirige a Universidade de Dartmouth, de New Hampshire, para substituir Robert Zoellick. É praticamente certo que Kim seja o novo presidente do Bird, não importa o quanto os países em desenvolvimento esperneiem. A primeira candidata nascida num país em desenvolvimento a se apresentar foi a ministra das Finanças da Nigéria, Ngozi Okongo-Iweala, indicada pela África do Sul.

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Robert Zoellick: presidente deve ser sucedido por um acadêmico

da área de saúde.

 

 

A nigeriana deve ser apoiada por alguns países emergentes. Depois de informações desencontradas sobre a candidatura do colombiano José Antonio Ocampo, professor da Universidade Columbia, de Nova York, e ex-secretario da Cepal, o Brasil acabou indicando seu nome na sexta-feira, mesmo sem o apoio da Colômbia. Os votos dos países emergentes, que já são insuficientes para eleger um novo presidente, se dividirão entre os dois candidatos. O atual diretor-executivo do Bird, Rogério Studart, que representa o Brasil, a Colômbia e outros sete países latino-americanos na instituição, diz que não faltam bons nomes de países emergentes. “O difícil é convencer os candidatos mais credenciados a entrar numa disputa que já sabem que vão perder”, disse Studart à DINHEIRO. 

 

Depois do acordo fechado entre os países europeus e os Estados Unidos para a eleição de Christine Lagarde, no ano passado, para dirigir o Fundo Monetário Internacional, estava praticamente certo que os Estados Unidos não abririam mão de indicar o presidente do Bird. O maior azarão da disputa é o economista americano Jeffrey Sachs, apoiado por pequenos países como Butão, Haiti e Timor Leste. Em jogo, empréstimos de US$ 43 bilhões para reduzir a pobreza e melhorar a infraestrutura de países em desenvolvimento. Embora o nome de Kim não tenha sido negociado com outros países, a escolha feita pelo presidente Barack Obama demonstra uma preocupação em mudar o perfil do presidente do Bird. 

 

Até agora, os indicados pelo governo americano vinham do governo, como Robert Zoellick, ou do setor financeiro. Kim, que nasceu na Coreia do Sul, mas migrou para os EUA aos cinco anos, exibe em sua biografia uma longa trajetória em instituições internacionais de saúde. Médico e antropólogo formado pela Universidade Harvard, Kim liderou a campanha da Organização Mundial da Saúde contra a Aids, na África. “Ele tem uma experiência verdadeiramente global, na Ásia, na África e nas Américas, em grandes capitais e pequenas cidades”, afirmou Obama ao apresentar Kim nos jardins da Casa Branca, na sexta-feira. 

 

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