05/11/2021 - 11:00
A participação do Brasil na COP-26 até a quarta-feira (3) pode ser lida como uma mudança de postura do governo Bolsonaro. Mais por pressão diplomática dos Estados Unidos do que por vontade do presidente. Algumas das novas posições são positivas. Outras nem tanto. No primeiro grupo, a decisão do País de se juntar às 103 nações signatárias do acordo para reduzir as emissões de metano (CH4) em 30% e a assinatura do compromisso para zerar o desmatamento, ambos até 2030. “Iniciamos a COP com esses dois importantes anúncios, além de novas metas para a nossa NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada)”, disse Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável.
O Brasil é o quinto maior emissor do mundo de metano. Fica atrás de China, Rússia, Índia e EUA. Os três primeiros, no entanto, se recusaram a assinar o documento. Ainda que a atitude brasileira mostre importante mudança na diplomacia, a real efetivação das ações é dúvida. Para a meta de redução de CH4 ocorrer, faltou alinhar com os pecuaristas, uma vez que a maior fonte de emissão é a criação de gado.

“No combate à mudança do clima, sempre fomos parte da solução, não do problema”Joaquim Leite Ministro do Meio ambiente.
No caso das NDCs, o plano anunciado pelo ministro do Meio Ambiente Joaquim Leite, eleva a meta de redução de CO2 de 43% para 50% até 2030. Mas segundo o Observatório do Clima, quando os 50% são aplicados nas atuais regras nacionais de cálculo de emissões, o volume em toneladas empata com a proposta feita em 2015, nos acordos de Paris.
Nesse tipo de evento, o país precisa chegar muito preparado. Ceder para cobrar. Não foi o caso brasileiro. A diplomacia nacional está em frangalhos e a política ambiental inexiste. Assim, o Brasil aceitou garganta abaixo um acordo que pode levar problemas ao agro sem colocar pressão para que as nações desenvolvidas assumam seus papéis em relação ao CO2. De fato, o problema ficará para quem ocupar a presidência em 2030. E para os pecuaristas.
