O aprofundamento da crise espanhola nas últimas semanas lançou uma sombra sobre o sistema financeiro da Espanha. Na segunda-feira 30 de abril, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixou a nota de 11 bancos locais. A justificativa foram os números magros do crescimento econômico e a dificuldade cada vez maior do governo para implantar as medidas de austeridade fiscal. O apertar no torniquete dos gastos deverá provocar, segundo cálculos oficiais enviados à Comissão Europeia, uma contração de 1,7% na economia, neste ano, e um crescimento de apenas 0,2% em 2013. O desemprego crescente eleva os riscos de um aumento da inadimplência, algo fatal para os resultados do setor. 

 

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Emilio Botín: investimento na educação mostra compromisso de longo prazo com o Brasil.

 

As palavras “pacote de socorro” foram pronunciadas com uma frequência desconfortável por economistas e profissionais de mercado. Nesse cenário de incertezas, os números do Santander não foram exceção. A necessidade de sanear as combalidas carteiras de financiamentos imobiliários provocou uma queda de 24% nos resultados do primeiro trimestre, que encolheram para € 1,6 bilhão. No fim de abril, o banco havia anunciado a intenção de abrir o capital de sua subsidiária mexicana, vendendo 25% das ações no mercado local. Tantas notícias ruins dispararam uma onda de boatos de que o Santander estaria vendendo suas operações no Brasil. 

 

Esses rumores foram descartados por Emilio Botín, presidente do conselho de administração do banco, em passagem pelo Brasil na terça-feira 1º. “Este país tem cada vez mais importância para o Grupo Santander”, disse ele à DINHEIRO após uma reunião com reitores universitários em São Paulo. “Temos uma grande oportunidade por aqui.” Dias antes, ao divulgar os resultados do primeiro trimestre de 2012, Marcial Portela, presidente da subsidiária brasileira, afirmara que o Santander tem apetite para aquisições. “Estamos procurando o que comprar, mas não achamos ativos de boa qualidade a preços razoáveis”, disse. “Nossa operação é sólida, e os resultados estão ganhando importância dentro do grupo.” 

 

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Portela, presidente: aumento da inadimplência no consignado e nos veículos.

 

 

Pelos números do primeiro trimestre, o Brasil responde por 27% dos resultados do banco, seguido por 25% de outros países da América Latina e de outros 25% dos países da Europa continental – Espanha, Portugal, Polônia e Alemanha. O Santander anunciou lucros da operação brasileira de R$ 1,76 bilhão no primeiro trimestre, uma queda de 3,3% em relação ao mesmo período de 2011, e um aumento de 7,5% em comparação com o último trimestre do ano passado. O resultado mais notável foi um aumento da inadimplência, que subiu de 5% no primeiro trimestre de 2011 para 5,7% neste trimestre, considerando-se atrasos superiores a 60 dias. 

 

“O maior aumento da inadimplência ocorreu nas carteiras de crédito pessoal e financiamento de veículos”, disse Portela. Além de conferir o andamento dos negócios no País, Botín presidiu uma uma reunião do conselho assessor internacional da rede Universia, entidade patrocinada pelo Santander que apoia cerca de 1.400 universidades em 23 países. Neste ano, o banco vai destinar € 130 milhões para bolsas de idiomas e financiamento de estudos internacionais para alunos e professores. Segundo Botín, as universidades brasileiras participantes vão receber R$ 200 milhões nos próximos dois anos. “Isso mostra nosso compromisso de longo prazo com o Brasil”, diz Botín.

 

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