21/10/2022 - 3:00
Produto vegano e cruelty-free. Essas duas classificações têm ganhado cada vez mais espaço nas prateleiras das lojas e no carrinho de compra dos consumidores. A preocupação por um consumo e produção mais consciente alinhado a novas tecnologias garantem que empresas possam oferecer portfólios sem a exploração animal, seja na realização de testes (cruelty free) ou na composição de seus ingredientes (vegano). De fabricantes independentes e artesanais, até grandes grupos de beleza, trilha-se um caminho que garante mais oferta e faz crescer um mercado promissor. Levantamento da Euromonitor aponta que, em 2021, 8,5% dos produtos de beleza no e-commerce brasileiro foram classificados como veganos e 10,3% como cruelty-free, entrando nessa lista nomes como o Grupo Boticário e a Schraiber.
A farmacêutica lançou sua linha de veganos ainda em 2005, evoluindo seus produtos naturais e de homeopatia. Hoje, 100% dos cosméticos são veganos. Na visão do responsável pelo marketing da Schraiber, Paulo Egedy, a demanda por produtos do tipo cresce, intensificada nos últimos dois anos com a pandemia e chamando atenção de um público mais diversificado. “O mercado era pequeno, não tinha muita divulgação. Era bem restrito às pessoas que utilizavam produtos veganos”, disse.

Já o Grupo Boticário, que aboliu os testes em animais há mais de 20 anos, tem em seus planos não produzir mais produtos de matérias-primas de origem animal nas marcas próprias a partir de dezembro de 2024. Nesse caminho, a marca mãe já lança ao mercado, desde o ano passado, apenas produtos veganos. De acordo com o diretor de pesquisa e desenvolvimento do Grupo Boticário, Gustavo Dieamant, o plano é “chegar a um portfólio 100% vegano o quanto antes”.
O caminho das duas empresas é reflexo da sociedade, com consumidores mais atentos às questões de sustentabilidade e de ética. Para o presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), Ricardo Laurino, “hoje o consumidor tem essa visão mais clara de que o produto, além de satisfazê-lo, precisa representar seus valores”. Com a indústria cosmética ainda focada fortemente na certificação relacionada a testes em animais, dado o histórico e constante publicidade nesse sentido, a busca pelos selos veganos nas embalagens vem crescendo. Na SVB, 149 produtos de higiene pessoal e cosméticos foram certificados neste ano, até setembro, o que representa 48% do total da segmentação. Seguindo essa tendência, uma indústria que sempre foi alvo de ativistas de defesa animal pode mostrar que a mudança é possível e benéfica para todos.