Produto vegano e cruelty-free. Essas duas classificações têm ganhado cada vez mais espaço nas prateleiras das lojas e no carrinho de compra dos consumidores. A preocupação por um consumo e produção mais consciente alinhado a novas tecnologias garantem que empresas possam oferecer portfólios sem a exploração animal, seja na realização de testes (cruelty free) ou na composição de seus ingredientes (vegano). De fabricantes independentes e artesanais, até grandes grupos de beleza, trilha-se um caminho que garante mais oferta e faz crescer um mercado promissor. Levantamento da Euromonitor aponta que, em 2021, 8,5% dos produtos de beleza no e-commerce brasileiro foram classificados como veganos e 10,3% como cruelty-free, entrando nessa lista nomes como o Grupo Boticário e a Schraiber.

A farmacêutica lançou sua linha de veganos ainda em 2005, evoluindo seus produtos naturais e de homeopatia. Hoje, 100% dos cosméticos são veganos. Na visão do responsável pelo marketing da Schraiber, Paulo Egedy, a demanda por produtos do tipo cresce, intensificada nos últimos dois anos com a pandemia e chamando atenção de um público mais diversificado. “O mercado era pequeno, não tinha muita divulgação. Era bem restrito às pessoas que utilizavam produtos veganos”, disse.

DIVERSIDADE Com mais interesse dos consumidores, opções de produtos veganos cresce, alimentando um ciclo virtuoso de vendas.

Já o Grupo Boticário, que aboliu os testes em animais há mais de 20 anos, tem em seus planos não produzir mais produtos de matérias-primas de origem animal nas marcas próprias a partir de dezembro de 2024. Nesse caminho, a marca mãe já lança ao mercado, desde o ano passado, apenas produtos veganos. De acordo com o diretor de pesquisa e desenvolvimento do Grupo Boticário, Gustavo Dieamant, o plano é “chegar a um portfólio 100% vegano o quanto antes”.

O caminho das duas empresas é reflexo da sociedade, com consumidores mais atentos às questões de sustentabilidade e de ética. Para o presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), Ricardo Laurino, “hoje o consumidor tem essa visão mais clara de que o produto, além de satisfazê-lo, precisa representar seus valores”. Com a indústria cosmética ainda focada fortemente na certificação relacionada a testes em animais, dado o histórico e constante publicidade nesse sentido, a busca pelos selos veganos nas embalagens vem crescendo. Na SVB, 149 produtos de higiene pessoal e cosméticos foram certificados neste ano, até setembro, o que representa 48% do total da segmentação. Seguindo essa tendência, uma indústria que sempre foi alvo de ativistas de defesa animal pode mostrar que a mudança é possível e benéfica para todos.