Ele é um dos gurus de gestão mais requisitados do mundo, figurinha carimbada de eventos para executivos, inclusive no Brasil, e seus livros são leitura obrigatória nos cursos de administração. Não é para menos. Michael Porter é o criador do termo “vantagem competitiva” e da teoria das Cinco Forças, que analisa a concorrência entre as empresas. Mas o professor da Harvard Business School comprovou que a teoria nem sempre se confirma na prática. Na segunda-feira 14, a Delloite, uma das maiores companhias de consultoria e auditoria do mundo, anunciou a compra da Monitor Company Group, fundada por Porter com outros cinco colegas de academia, em 1983, por US$ 116 milhões. 

 

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Casa de ferreiro: empresa de Porter faliu por não aplicar

as teorias de seu fundador 

 

Com a crise de 2008, a empresa começou a enfrentar problemas e acumulou US$ 500 milhões em dívidas, o que a levou a pedir falência, em novembro de 2012. Ironicamente, a Monitor, que tinha entre seus clientes o ditador da Líbia Muammar Kadafi, falhou naquilo que era mais caro a Porter: a aplicação de suas lições de estratégia. Suas concorrentes, como a Bain & Company e a McKinsey, por exemplo, diversificaram seus serviços, nos últimos quatro anos, passando a oferecer também consultoria na área financeira. A Monitor, não. Ela manteve seu serviço, sem entregar nenhuma vantagem competitiva. Pior: não reavaliou seus clientes naquele momento, uma das forças do mercado, como a teoria de Porter indicava. 

 

Tais erros só aprofundaram ainda mais a sua crise. Em 2009, os sócios precisaram investir US$ 4,5 milhões na consultoria e abrir mão de US$ 20 milhões em bônus. Naquele ano, o quadro societário foi reformulado. Porter transformou-se em minoritário, sem opção de voto nas decisões. Com a falência do negócio, Porter entra para a galeria de pensadores bem-sucedidos, mas que se dão mal no mundo dos negócios. Entre eles estão Myron Scholes e Robert Merton, vencedores do Prêmio Nobel de Economia de 1997. Os dois criaram o fundo Long Term Capital Management (LTCM), considerado um dos mais seguros do mundo na ocasião. Mas, em 1998, o fundo quebrou, deixando um rombo de US$ 3,5 bilhões. O buraco foi coberto pelo Federal Reserve, o banco central dos EUA, que passou o chapéu entre os bancos americanos. 

 

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