15/09/2017 - 19:00
Foi um desempenho digno de nota. O índice Bovespa fechou em sua máxima histórica, aos 75 mil pontos, espantando quem – fora do habitat natural dos financistas – imaginava que o Brasil estava afundando na sua crise política. Quem se move guiado por sinais cartesianos nunca vai entender mesmo o que embala o ânimo dos investidores na Bolsa de Valores. Mas a regra é simples: estabilidade de indicadores macroeconômicos e governo com credenciais para seguir em frente na sua gestão rimam com lucro. Especialmente esse segundo fator pesa bastante.
No momento exato em que ficou claro que a administração Temer deve concluir seu mandato sem maiores sobressaltos – salvo denúncias laterais que devem se arrastar sem maiores consequências – o mercado pagou o preço da aposta a favor de um cenário positivo pela frente. A prisão do empresário Joesley, o afundamento das denúncias do procurador atrapalhado Rodrigo Janot e mesmo as destemperadas revelações do ex-ministro Palocci contra Lula só ajudaram no caldo de otimismo que vem prevalecendo na praça. Investidores americanos, principalmente, voltaram a mirar papéis brasileiros, lançando-os como preferenciais, após quase três anos de prolongada quarentena.
Já em 2016 o aporte dos americanos aqui cresceu cerca de 31% (o maior aumento entre os 30 principais destinos contemplados com esses recursos) e continua em curva ascendente. São razoavelmente sólidos os fatores que sustentam o crescimento do Produto Interno Bruto, a ponto de o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, avaliar que o ano pode ser encerrado com a grata surpresa de um PIB na casa dos 2% positivos. Seria extraordinário! Nas palavras de Meirelles, o Brasil prepara-se para um 2018 excepcional, apesar da eleição e da situação fiscal ainda indefinida. A lógica a mover esse pensamento está baseada nos indicadores: os juros e a inflação em queda acelerada propiciam ambiente seguro para se empreender e, por tabela, para a geração de empregos.
No movimento virtuoso de avanço, a atividade econômica é beneficiada de maneira acelerada. O País se encontrava muito abaixo do fundo do poço, no chamado volume morto, e a saída dessa situação naturalmente animou os players. Enquanto analistas e economistas de plantão teimavam em falar de uma recuperação lenta, os traders, já antevendo perspectivas de ganho, fizeram suas inversões no novo quadro. Não é, obviamente, um jogo ganho. A recuperação não ocorre por inércia. Para consolidá-la serão necessárias ainda medidas duras, entre as quais as reformas. Por essa via é que a estabilidade macroeconômica se consolidará e a resposta que começou nos pregões ganhará as ruas.