Na última semana, a apresentadora americana de televisão Oprah Winfrey voltou a chamar a atenção do mundo com uma entrevista bombástica. Desta vez, quem abriu o jogo para Oprah foi o ex-ciclista Lance Armstrong. Foi a primeira vez que ele veio a público depois de ter perdido seus principais títulos, incluindo as sete conquistas da Volta da França, por suspeita de doping, em agosto de 2012. Na entrevista, exibida em dois blocos nas noites de quinta e sexta-feira, o atleta confessou ter se aproveitado de substâncias ilegais para aumentar seu desempenho. A declaração colocou um ponto final na polêmica que se estende desde 2010. A atração, no entanto, é muito mais do que um “furo de reportagem”. 


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Olho no lance: entrevista concedida a Oprah aumentou a receita publicitária da OWN

 

Ela também é vista como uma parceria de conveniências. Enquanto Armstrong busca a comoção popular, Oprah aproveita a oportunidade para elevar a audiência de seu canal próprio, a rede de tevê a cabo OWN. Oprah é uma das celebridades mais influentes dos Estados Unidos e detém uma fortuna de US$ 2,7 bilhões. Em 2011, depois de 25 anos à frente do programa Oprah Winfrey Show, ela decidiu se unir à Discovery Channel para criar sua própria emissora: a OWN (iniciais de Oprah Winfrey Network). A rede ainda patina nos resultados de audiência, com uma média de 300 mil telespectadores no horário nobre, um número diminuto para os padrões da apresentadora, que costumava atingir seis milhões de pessoas em seu antigo programa. “Não achei que seria fácil, mas se eu soubesse o que sei agora poderia ter feito algumas escolhas diferentes”, disse Oprah sobre o desempenho de seu canal, em entrevista no ano passado. 

 

A maior audiência do canal foi em março de 2012, quando 3,5 milhões de telespectadores assistiram à Oprah entrevistar os familiares da cantora Whitney Houston, falecida um mês antes. A expectativa com relação à confissão de Armstrong, porém, era muito maior do que qualquer resultado já alcançado pela OWN. Além dos 80 milhões de assinantes da rede, outra multidão acompanhou as palavras de Armstrong através do Discovery Channel, que exibiu a entrevista para vários países. “Está havendo um assédio muito grande para compra de espaço publicitário durante os dois dias de transmissão”, afirmou Erik Logan, vice-presidente do OWN, à agência Reuters. Além de capitalizar mais a empresa, o executivo vê a ocasião como uma vitrine para as outras atrações do canal.

 

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