10/01/2014 - 21:00
Por mais de 40 anos, a Consumer Electronics Show (CES) se consagrou por ser o evento que lançou as principais inovações do setor de eletroeletrônicos. Foi lá, em 1970, que o mundo conheceu o videocassete. O CD, a tevê 3D, os tablets e smartphones foram primeiro demonstrados nesse evento, que acontece anualmente em Las Vegas, desde 1967. Na edição deste ano, realizada na semana passada na Meca da jogatina americana, essas quinquilharias tecnológicas estavam por lá. Mas o que chamou a atenção desta vez foram os carros. Quem andou pelos estandes da CES 2014 tinha a impressão de percorrer os corredores dos salões de Detroit, Frankfurt ou Pequim.
Velozes e furiosos: estande da Audi na CES 2014 (à esq.), onde o presidente do conselho da montadora alemã,
Rupert Stadler, apresentou protótipo de veículo autônomo
São dois os principais motivos pelos quais a indústria automobilística está aderindo aos bytes e bits do setor de tecnologia. O primeiro foram as demonstrações de protótipos de carros que dispensam a figura do motorista ou contam com formas de propulsão alternativas.O segundo é que os veículos contam com cada vez mais tecnologia a bordo. Um exemplo disso foi o acordo que o Google firmou com as montadoras GM, Honda, Hyundai e Audi. A companhia de Mountain View, que já domina os smartphones e tablets com o seu sistema operacional Android, agora quer invadir os automóveis com seu robozinho verde, fincando sua bandeira na área de informações de trânsito e geolocalização.
A companhia fundada por Larry Page e Sergei Brin mostra cada vez mais interesse no setor automobilístico. Ela está na vanguarda das pesquisas de carros que dirigem sozinhos, um mercado que deve representar 9% das vendas globais de veículos em 2035, de acordo com pesquisa da consultoria americana IHS. Em julho do ano passado, o gigante de internet pagou US$ 1,3 bilhão – uma das maiores aquisições de sua história – pelo aplicativo Waze, que monitora o trânsito em tempo real. O programa desenvolvido por uma start-up israelense nunca deu lucro, mas isso tem pouca importância para o Google. Ele, na verdade, estava mais interessado nos dados que o Waze gera e já começou a integrar as informações do aplicativo ao seu serviço de mapas.
Sem as mãos: o Google, de Page (à esq.) e Brin, aposta em carro sem motorista
e no seu sistema Android
Mas não só o Google mostrou avanço sobre quatro rodas na CES. A Audi apresentou um carro autônomo, com luzes de LED, e todo o visual arrojado que marca os modelos da montadora alemã. “Antes, os sensores, lasers e câmeras atrapalhavam a parte estética do carro”, disse Ulrich Hackenberg, diretor-técnico da empresa, em apresentação na feira. “Hoje eles são imperceptíveis.” Alguns protótipos da Audi chegaram sozinhos até o palco durante a apresentação de Rupert Stadler, presidente do conselho de administração da Audi. A japonesa Honda também fez demonstrações de modelos que não precisam do motorista. Um veículo fez “drifting” – como são conhecidas as manobras em que o carro desliza de lado na pista – entre cones e em curvas com o banco do motorista vazio.
Além de integrados e autônomos, os carros da CES trouxeram inovações de desempenho, consumo e usabilidade. A alemã Mercedes-Benz exibiu um relógio inteligente que se integra com o veículo, mostrando, por exemplo, a quantidade de gasolina no tanque, além de informar, entre outras coisas, se ele ainda está estacionado onde o usuário deixou. A americana Ford apostou em um painel de comando que pode ser totalmente operado por voz. A coreana Hyundai revelou seu aplicativo para o Google Glass. A francesa Renault usou seu espaço para mostrar seus carros de competição. Mas, em vez dos barulhentos motores dos carros de Fórmula 1, os bólidos estavam equipados com um silencioso propulsor elétrico.