04/12/2015 - 20:00
Homem mais rico do mundo, Bill Gates é conhecido por destinar cifras generosas a causas humanitárias e sociais. Na segunda-feira 30, essa veia do fundador da Microsoft voltou a atrair holofotes na abertura da COP 21, conferência sobre mudanças climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU), realizada em Paris (leia reportagem na pág. 32). Mas, dessa vez, Gates não estava sozinho. Junto com ele, um time de bilionários anunciou a criação de um fundo de US$ 7 bilhões que financiará projetos de pesquisa e desenvolvimento de energia limpa.
Batizado de Breakthrough Energy Coalition, o fundo reúne verdadeiros titãs do setor de tecnologia, como Mark Zuckerberg (Facebook), Jeff Bezos (Amazon), Jack Ma (Alibaba), Masayoshi Son (Softbank), Reid Hoffman (LinkedIn) e Marc Benioff (Salesforce.com). Somadas, as contas bancárias do grupo acumulam um patrimônio líquido de mais de US$ 380 bilhões. Não pense, porém, que por trás dessa iniciativa está apenas uma boa ação filantrópica. Os visionários de tecnologia estão em uma corrida rumo à economia de baixo carbono.
Segundo a International Energy Agency, a energia limpa vai movimentar US$ 1,6 trilhão até 2020. “Esses empreendedores veem um novo ciclo de negócios bilionários”, diz Álvaro Almeida, diretor da consultoria brasileira Report Sustentabilidade e blogueiro do portal da DINHEIRO. Um dos focos da coalizão é ocupar uma lacuna de investimentos entre os aportes governamentais e os de fundos de venture capital. “Nosso principal objetivo é tanto acelerar o progresso em energia limpa como torná-lo lucrativo”, disse Gates. O fundo planeja investir em startups com projetos em geração e armazenamento de energia, transporte, uso industrial e agricultura.
A ideia é firmar parceiras público-privadas com os países participantes da Mission Innovation, que se comprometeram a dobrar os aportes em pesquisa e desenvolvimento de energia limpa até 2020. A redução da emissão de carbono e a diversificação da matriz energética vêm atraindo diversos ícones da tecnologia. O Google é um dos nomes dessa ofensiva verde. A companhia já investiu mais de US$ 1 bilhão em energia renovável. Em 2014, por exemplo, a empresa inaugurou a maior usina solar do mundo, em parceria com a NRG Energy. Instalada no deserto de Mojave, na Califórnia, a usina tem capacidade para abastecer mais de 140 mil residências.
Hoje, a instalação fornece energia para a PG&E e a Southern California Edison. Fundador da fabricante de carros elétricos Tesla, Elon Musk é mais um bilionário verde. Em maio, a Tesla lançou um sistema de baterias domésticas que armazena energia solar e reduz a dependência da energia elétrica. O produto contempla ainda uma versão para empresas. “A capacidade de gerar sua própria energia e um excedente vai trazer impactos em alta escala”, diz Almeida. Outra ação da Tesla foi o projeto de uma “megafábrica” de baterias de íons de lítio, no estado de Nevada (EUA), em parceria com a Panasonic.
Com um investimento de US$ 5 bilhões , a unidade entrará em operação no fim de 2016. O consumo de energia nos data centers é outro fator por trás dessa aposta das gigantes do Vale do Silício. Apple e Facebook são alguns dos nomes que têm buscado alternativas para essa questão. Há duas semanas, a Amazon anunciou a construção de um parque eólico em Ohio (EUA) para alimentar seus data centers, o quarto projeto do ano. Hoje, 25% da energia das suas operações vêm de fontes renováveis. A meta é ampliar esse índice para 40% em 2016.